terça-feira, 12 de novembro de 2013

SMART WORLD

SMART WORLD
O mundo esperto do Agente 86

Não tenho dúvida: os inventos tecnológicos surgem primeiramente nos filmes de ficção científica e depois são criados em laboratório. Tantos são os exemplos, que é desnecessário ilustrar aqui. Apenas pra não ficar na denúncia vazia: veja o caso do submarino, e do foguete que levou Júlio Verne, à lua, em 1865.
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Quem possui mais de quarenta anos vai se lembrar do seriado Agente 86 (Get Smart), onde o personagem principal, Maxwell Smart atendia ao sapatofone, o protótipo do celular, décadas antes de o aparelho aparecer. Um telefone tocando na sola do sapato, na década de 1960, era coisa do outro mundo. Os criadores do celular possuem idade suficiente para terem visto esta cena, muitas vezes. Eu vi a ideia nascendo também, mas não fui o suficiente smart para estar no país certo e na hora certa e faturar em cima.

Naquele época, os EUA e a URSS dividiam o mundo em dois – a chamada Guerra Fria. Era mais fácil saber quem era quem e o que era o quê. A esquerda era de esquerda e a direita era de direita. No seriado, o Agente 86 representava o Controle, órgão de espionagem do bem, que combatia a Caos, entidade do mal. Nomes claros que definem com precisão que o bem era pela ordem, e o mal, pelo caos.

O Controle, ao contrário da NSA de hoje, nunca foi acusado de espionar os e-mails do mundo – mesmo porque naquela época não havia Internet, nem caixa postal. A facilidade dos recursos tecnológicos ajudou a desenvolver a atividade da espionagem. Ou a desqualificou, fazendo tudo se resumir a um concurso de invasões cibernéticas. A maleta 007 virou um pequeno Lap Top.

Mas, o seriado parece antever outras coisas também. Por exemplo, os permanentes problemas de falhas e quedas em servidores. Quando tinham de conversar assuntos top secret, o agente Maxwell Smart exigia o chamado cone do silêncio, uma espécie de cone de vidro blindado que descia do teto e os envolvia na mesa, a fim de abafar e proteger a conversa, mas nunca funcionava direito: um não ouvia o outro e os dois tinham que gritar.

Nem na sala do Controle estavam seguros, assim como nenhum presidente hoje confia em seu celular doméstico, por causa do Obama. Dilma e outros chefes de Estado buscam criar esse “cone do silêncio”, acreditando que um marco de regulação mundial, através de leis, por si só poderá abafar o som das correspondências e garantir segurança. Ou que montará sistema de defesa à prova de hackers – que seria o primeiro do mundo (uma ideia jamais pensada antes, superoriginal...).

Não espantará se aparecer alguém, na reunião, propondo aos presidentes a volta do código morse.


Maurício Pássaro
www.acolunadoservidor.com
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