terça-feira, 15 de setembro de 2009

CORDEL POLÍTICO - Edmilson Martins

Agora vou contar tudo
Nada tenho a esconder
Nosso povo anda mudo
Mas muito tem pra dizer.

Hoje falta segurança
Vivemos todos trancados
Em casa sempre pensando
Com saudade do passado.

Não quero ser saudosista
Nem ao passado voltar
Mas algo me diz: não desista
A coisa tem que mudar.

Não ficamos na calçada
Curtindo belo luar
Nem vemos a criançada
Ao nosso redor brincar.

Ontem ladrão de galinha
Hoje ladrão de gravata
Rouba a republiquinha
E ainda conta bravata.

Educação no Brasil
Deixa muito a desejar
Escola ficou senil
Faz tudo, menos pensar.

Professores preparados?
No Brasil só temos cobras!
Escolas para o mercado
Também temos de sobra.

Baixa remuneração
Mestres desestimulados
Jovens sem educação
Para empresa preparados.



2.
A nossa saúde pública
Anda distante do povo
A vergonha da República
Que merece sangue novo.

Obrigação do Estado
Que tem dinheiro do povo
Saúde virou mercado
Como feijão, carne e ovo.

Trabalhador só produz
Para dá lucro ao patrão
Criatividade e luz
Não é permitido não.

O nosso governo Lula
Que seria solução
Bem cedo virou gandula
Dando bola pro patrão.

O programa fome zero
Não salva da opressão
O povo, pra ser sincero,
Precisa de educação.

Gente precisa de pão
Mas também de liberdade
Só comida e sujeição
Acaba sendo maldade.

Política é coisa nobre
Aqui virou corrupção
Não tem vez o povo pobre
O jovem não tem opção.

Política é coisa séria
Não para arrumação
Mal feita produz miséria
Enche o bolso do ladrão.

3.
Mandato parlamentar
É para servir ao povo
Não é para enganar
Precisa de sangue novo.

O sindicalismo atual
A vergonha da História
Com pelego cordial
Macula nossa memória.

Num tempo de resistência
Ao regime militar
Lutou-se com insistência
Para aquilo acabar.

Muitos dos que resistiram
Àquele podre poder
Da luta já desistiram
Preferiram esquecer.

Clamavam de forma ardente:
O povo tem que lutar
Contra qualquer que sustente
Ditadura militar

Hoje na situação
Fazem o povo calar
Luta e organização
Tentam desestimular.

No combate à repressão
Condenavam o banqueiro
Hoje - quanta decepção!
Até lhe emprestam dinheiro.

Lutamos na resistência
Ao regime militar.
Gritemos com insistência:
As coisas têm que mudar.



4.
Não há mudança sabemos
Lá de cima para baixo
Na força do povo cremos
Ou ficamos cabisbaixos.

O mandato popular
Pelo povo concedido
Não pode funcionar
Sem que ele seja ouvido.

Sem a participação
De forma bem efetiva
Toda e qualquer falação
É coisa que não cativa.

Acreditemos no povo
Com sua capacidade
Para criar algo novo
Com labuta e lealdade.

O povo sabe o que quer
Não quer ser manipulado
Não precisa de chofer
Deseja ser respeitado.

Pra terminar vou dizer
Com muita sinceridade
O homem precisa crer
Na sua capacidade.

Ser humano foi criado
Para viver solidário
Não pra viver isolado
Nem para ser um otário.

Rio, 25 de maio de 2009
Edmilson Martins de Oliveira

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