UNIDADE DEMOCRÁTICA
(Exemplo histórico)
Edmílson Martins
Abril 2021
No início da década de 1960, o Brasil vivia uma efervescência política e social. Os movimentos sociais, principalmente, os sindicatos de trabalhadores, cresciam com muito vigor e fervor.
A movimentação política e social no Brasil era consequência do que estava acontecendo a nível mundial. A União Soviética e China, com a experiência de implantação do socialismo, contrapunham-se ao poder capitalista dos Estados Unidos e seus aliados.
Nesse clima de antagonismo, um fato ocorreu, propondo equilíbrio e convivência pacífica: o Concílio Ecumênico, Vaticano II, criado pelo papa João XXIII. O Concílio buscava a unidade da Igreja e pregava a unidade da sociedade, “a convivência na verdade, na justiça, no amor, na liberdade”, na busca de um mundo fraterno, solidário, justo e feliz.
O Concílio mexeu com a consciência de todos os povos do mundo. De repente, povos do mundo inteiro, independente de raças, religiões, ou ideologias, voltaram-se para as propostas saídas do Vaticano II, que propunham a todas as pessoas de boa vontade a luta por um mundo de justiça e paz.
O Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, com uma história de lutas em favor dos direitos fundamentais dos trabalhadores e do povo em geral, participava ativamente da movimentação política e social que tomava conta do Brasil. E a categoria bancária crescia em consciência política, defendendo suas legítimas reivindicações.
Naquele momento, rico em debates, questionamentos e reflexões, surgiram na categoria bancária, como em outros movimentos, grupos com tendências ideológicas diferentes, natural numa sociedade pluralista. Como hoje, havia a dificuldade de convivência entre os que pensavam diferente, de forma que a categoria bancária dividia-se nas ações em torno das suas reivindicações e se enfraquecia.
Um dia, um companheiro iluminado, bancário e líder sindical no Rio de Janeiro, fez a seguinte reflexão: “Nós somos todos bancários, com os mesmos problemas comuns e o objetivo de todos nós é a busca de salário justo, condições justas de trabalho e melhores condições de vida. Pensamos diferentes e isso enriquece nossa convivência e nossa luta. Para nós só há um inimigo comum: a injustiça social, promovida pelo sistema político e social injusto e pelos banqueiros e outros capitalistas, que sustentam esse sistema. Diante de tudo isso, proponho que construamos uma unidade, que pode ser chamada de Unidade Democrática”.
A proposta foi aceita e só não entrou na Unidade Democrática quem não tinha boa vontade e tinha interesses escusos. Mas a proposta pegou e fortaleceu o movimento sindical bancário do Rio de Janeiro. A categoria, mais unida, adquiriu forças para conquistar vários direitos que lhe eram negados.
Hoje, com a sociedade dividida, por isso enfraquecida e espezinhada, mais que nunca, se faz necessária a construção da Unidade Democrática, reunindo todas as pessoas e grupos de boa vontade, superando as diferenças, em torno de um programa comum, justo e eficaz, em benefício de todos. Ou fazemos isso e nos salvamos juntos, ou juntos sucumbiremos
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