PARTIU JORGE COUTO, GUERREIRO BANCÁRIO.
Edmílson Martins
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29/03/2021
Jorge Couto, Valente companheiro de lutas sindicais,
partiu para a eternidade. Foi ver outras paisagens, continuando a vida e a luta
ao lado dos companheiros Degerando, Aluísio Palhano, Humberto Campbel, Viegas,
José Toledo e outros combatentes, que o receberam ao som da Bandinha musical,
que nos anos 1960 saía às ruas, convocando bancários para as assembleias, com
ele, Degerando e outros à frente, distribuindo panfletos e fazendo discursos.
Eu conheci Jorge Couto por volta de 1967, quando
juntos participávamos da luta contra a ditadura, pelas liberdades sindicais,
reivindicações salariais e redemocratização do nosso país, que sofria as
agruras do regime de exceção.
Jorge Couto trabalhava no então Banco Mercantil de São
Paulo, sendo muito respeitado pelos colegas, pela sua competência no trabalho,
afabilidade, companheirismo e muita disposição na defesa dos direitos
trabalhistas, seus e de seus colegas de banco.
Ao se tornar bancário, Jorge Couto logo entendeu o
sindicato como um instrumento de luta para defesa dos trabalhadores. Adotou a
luta sindical como arma, tornando-se combatente incansável, sempre resistindo,
sem desânimo.
Em 1972, dentro do período mais terrível da ditadura
civil/militar, participamos juntos de uma chapa à eleição do sindicato, eu como
presidente e ele como vice-presidente. Ele e outros companheiros eleitos foram
impedidos de tomar posse, de forma autoritária e ilegal, com desrespeito à
Consolidação das Leis do Trabalho, em vigor.
O impedimento retirou o cargo, mas não a disposição de
luta do Jorge Couto. Ele, mesmo vigiado e perseguido, continuou firme no
Movimento Sindical, buscando as formas possíveis de participação. Bravo como
era e com clara consciência de classe, jamais sairia da luta dos trabalhadores.
A partir de 1979, com o processo de redemocratização
do nosso país, Jorge Couto intensificou a participação na luta sindical, sendo
algumas vezes eleito diretor do sindicato, com amplo apoio da categoria
bancária do Rio de Janeiro.
Aos 88 anos de idade, ainda estava no sindicato,
participando, transmitindo sua vasta experiência para os companheiros mais
novos, que sempre o respeitavam, ouvindo e seguindo com atenção seus conselhos
e orientações.
Há poucos dias de sua partida, conversei com ele
longamente por telefone, quando lembrou muitas passagens da sua trajetória
sindical e política. Ainda estava cheio de projetos a desenvolver, entre os
quais a publicação de suas memórias.
Não pôde escrevê-las, mas elas estarão sempre
presentes nos corações e mentes dos que o acompanharam na luta, na tradição de
luta dos bancários do Rio de Janeiro e na História de lutas dos trabalhadores
brasileiros.
Parafraseando Bertolt Brecht, Jorge Couto faz parte do
grupo dos indispensáveis, porque lutou com persistência durante a vida inteira.
E separou-se de nós apenas fisicamente. Continuará vivo na lembrança e na
prática do movimento sindical da categoria bancária e de outras categorias de
trabalhadores, servindo de exemplo para seus contemporâneos e novas gerações.
Eu e Maria José, minha esposa e companheira, temos
particular apreço pelo Couto e sua família, a quem apresentamos os nossos
sentimentos e solidariedade.
Um abraço, Couto. Fica com Deus.
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