O BICHO
Manuel Bandeira (1947)
Vi ontem um bicho/ Na imundície do pátio/ Catando comida entre os detritos./ Quando achava alguma cois,// Não examinava nem cheirava:/ Engolia com voracidade./ O bicho não era um cão,/ Não era um gato,/ Não era um rato./ O bicho, meu Deus, era um homem.
MORADORES DE RUA:VÍTIMAS DA EXCLUSÃO
Edmílson Martins de Oliveira
Nov.2023
Dormindo sob as marquises
Sua cama, papelão
Sem lençol sem travesseiro
E muito menos colchão
Não têm água pra beber
Para banho também não
Moram embaixo das pontes
Barracos improvisados
De madeira e papelão
Os utensílios usados
São aqueles jogados fora
Nas lixeiras encontrados
São multidões de famintos
Da exclusão social
Vivem pior do que bichos
Em circunstância mortal
Diante da indiferença
De quem tem vida normal
Que sociedade somos?
Por que permitimos isso?
Tanto horror ante os Céus
Temos consciência disso?
Combater desigualdades
Esse nosso compromisso
Crianças, jovens, idosos
Sem lenço sem documento
Vivendo sós, desprezados
Nas ruas de movimento
Sem horizontes sem nada
Sem lar vivendo em tormento
Meu Deus, que país é este?
Tão insensível, cruel
Com tanto encanto e riqueza
Deixando filhos ao léu
Um país tão criativo
Prestando triste papel
E pensar que há banquetes
Com desperdício e fartura
Com gente passando fome
Numa triste desventura
Bem poucos tendo demais
E muitos na vida dura
Que os senhores governantes
Eleitos pra governar
Olhem pro povo de rua
E deixem de tapear
Deem trabalho e comida
E casa para morar
Que nosso povo de rua
Não aceite humilhação
Reivindique seus direitos
Conquiste libertação
Resgatando a dignidade
Saindo da submissão
Nenhum comentário:
Postar um comentário