BICO DE PAPAGAIO
Edmílson Martins
Dezembro/2021
Como já falei, fui ao médico com terríveis dores nos quadris e nas pernas. Vários exames constataram comprometimentos na coluna vertebral. Alguns medicamentos e fisioterapias aliviaram as dores, mas não totalmente.
Depois de uns 20 dias de tratamento, procurei outro médico, consultor antigo, meu e da Maria José, que sofre dos mesmos problemas. Até nas dores somos solidários, desde a promessa no casamento. Fomos juntos, levando os resultados dos exames.
O médico apreciou primeiro os meus, depois de dar gargalhadas com o poema que fiz, intitulado “As dores”. E foi descobrindo coisas. Uma delas:
- Ih! Você faz contrabando de papagaio? Tem um bico alojado na sua coluna.
- Deve ser por causa da devastação da floresta amazônica- respondi. Os papagaios fugiram e um deles deixou um bico comigo. Ah os devastadores de florestas, de papagaios e de colunas! Merecem rigorosa punição.
- Mas isso tem jeito – retornou o médico.
- O que tem jeito? A devastação da floresta, ou o bico de papagaio na coluna?
- As duas coisas. Vamos tomar providências – respondeu o médico.
Pronto. Entre outras lutas, mais essa: desalojar o bico de papagaio da minha coluna e combater as devastações da floresta amazônica. O que esses caras arrumam pra gente! Só prejuízo.
Aí, me lembrei de trecho da música recente de artistas da MPB: “Salve a Amazônia/Salve-se a selva ou não se salva o mundo”. Parafraseando, salve a coluna, salvem-se as vértebras ou o corpo fica quebrado.
Mas, voltando à coluna, continuo tentando reverter as mazelas que nela se acumularam, fazendo várias fisioterapias, massagens, acupuntura, etc. Depois dos estragos, o conserto é vagaroso, falou o médico.
E é verdade. Melhor é prevenir para evitar os estragos. Como no caso da Amazônia, ou se salva a coluna, com os cuidados devidos, ou não se evitam dores terríveis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário