sábado, 19 de julho de 2025

MEUS OITENTA E SETE ANOS

 

MEUS OITENTA E SETE ANOS

                                      Edmílson Martins de Oliveira

                                       17/07/2025

 

Hoje, completo 87 anos de vida neste planeta. Vim para a Terra em 1938, 11 dias antes da morte violenta de Lampião. Desembarquei no Sítio Ipueira, município de Barro, no sertão do Ceará. Região situada no polígono da seca, que abrange nove estados do semiárido nordestino.

 

Meus pais, sr. Antônio Bembém e sra. Joana Maria nasceram e se criaram no sertão. Agricultores quase a vida inteira. Nasceram agricultores e ficaram agricultores. E amavam a agricultura.

 

Eu nasci no sertão, na roça, e lá fiquei até os 16 anos de idade. Aos 12, fui para a escola na cidade de Crato, situada na região do Cariri, menos seca, por causa das fontes de água que jorram da Serra do Araripe. Sou um dos 17 irmãos, que, juntos aos meus pais, resistiram no seco sertão.

 

Nas férias escolares, até os 16 anos, voltava para o sítio Ipueira, para trabalhar nas roças. Eu, na verdade, não gostava dessa experiência de ficar na cidade e, nas férias escolares, ficar na roça, trabalhando. Na cidade, eu só estudava.

 

No sertão, aprendi muito com a gente simples com quem lá convivi. Aprendi a trabalhar, a pensar, a sonhar, a enfrentar os desafios da vida, a resistir diante das dificuldades. Aprendi muito na dureza, no trabalho penoso, na falta de condições normais de vida. Euclides da Cunha tinha razão: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”.

 

Trabalhei na roça, estudei em Crato, onde trabalhei no comércio, nas “Casas Pernambucanas”. Trabalhei também no Banco de Crédito Comercial. Adquiri novas experiências de trabalho. Conheci muitas pessoas na cidade, arrumei muitos amigos. E amigos inesquecíveis.

 

Em 1960, vim para o Rio de Janeiro. Por concurso, entrei no Banco de Crédito Real de Minas Gerais, depois no Banerj e depois no Banco do Brasil. Nessas instituições aprofundei experiências e arrumei muitos amigos.

 

A partir das orientações da Igreja Católica sobre a participação social, tornei-me sindicalista e até fui presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro. Lutei pelos direitos sociais, pelas liberdades sindicais e pelos direitos humanos. Participei de atividades políticas e até fui candidato a deputado estadual duas vezes.

 

Dentro do possível, continuo na luta pela construção da sociedade livre, justa e democrática. Como sugere Bertolt Brecht, poeta alemão, a luta tem que ser pela vida inteira. Diz ele: “Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis”.

 

 

 

 

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