MARINHEIROS DE PRIMEIRA VIAGEM
Novembro/2021
Era a manhã do dia 15 de novembro de 1967. Maria José esperava bebê, o primeiro rebento. Estava no final da gravidez, que, conforme cálculos do médico, duraria mais alguns dias.
No dia anterior, tínhamos ido ao Hospital da Lagoa, então Hospital dos Bancários, para consulta. Após exames, o médico dissera que ainda não estava na hora do parto. Embora a Maria José reclamasse de algumas dores, deveria voltar para nova consulta no final do mês.
Durante a noite, Maria José continuou sentindo dores. Influenciados pelas informações do médico, achávamos que não eram indícios do parto. Folheávamos o livro “Vou ser Mãe” e não encontrávamos informações precisas sobre os sinais que indicam a hora do parto.
Já eram nove horas da manhã, quando chegou minha sogra, dona Elza, talvez impulsionada pelo anjo da guar do menino que ia nascer. Quando contamos o que estava acontecendo e as informações do médico, ela, com a experiência de quem tivera oito filhos, logo falou:
- Busque rápido o táxi, que vou arrumar as roupas da Maria José. Vamos pro hospital agora. Essa criança vai nascer.
Chegamos ao hospital às onze horas e quarenta e cinco minutos. Maria José nem podia andar. Subiu para a sala de partos em cadeira de rodas. Exatamente às treze horas, nasceu o Maurício, nosso primeiro rebento, que se segurou para não rebentar antes de chegar ao hospital.
Maurício, querendo romper com as normas legais do cálculo frio do médico, decidiu nascer no dia da proclamação da República, que rompia com as normas imperiais, que controlavam as liberdades humanas. Saiu do hospital no dia dezenove, dia da bandeira.
Hoje, com cinquenta e quatro anos, Maurício, como jornalista, sociólogo, escritor, compositor e cantor, está sempre tentando romper com o status quo, propondo mudanças e a construção de um mundo novo.
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