domingo, 19 de julho de 2020

DONA HILDA, EDUCADORA INDOMÁVEL (HOMENAGEM)












DONA HILDA, EDUCADORA INDOMÁVEL
                        (HOMENAGEM)
                             
                              Edmílson Martins
                              Julho 2020
                  
Dona Hilda, mulher forte
Lutou sempre pela vida
Educadora louvada
Indomável, destemida
Combatendo o bom combate
É combatente aguerrida.

Foi diretora da Escola
Virgílio de Melo Franco
Tratou todos com carinho
Fosse preto, fosse branco
E tinha para com todos
Um belo sorriso franco.

Dona Hilda, mulher forte
Bem guerreira e resistente
Sua coragem é tanta
Que dá inveja na gente
Com a idade que tem
Resiste à dor bravamente.

Ela agora está doente
Mas resiste com bravura
Prossegue guardando a fé
No Santo Deus das Alturas
Não perdendo a fortaleza
Nem a sua formosura.

Nós, amigos, desejamos
Sua recuperação
Pois todos temos por ela
Muita consideração
Ela é amiga boa
Merece nossa atenção.

terça-feira, 14 de julho de 2020

PRAGAS ONTEM E HOJE























PRAGAS ONTEM E HOJE
                  
                    Edmílson Martins
                    Julho de 2020
                             
Corações endurecidos
O povo no cativeiro
Tiranos enlouquecidos
Querendo ser verdadeiros.

Corações endurecidos
Que não ouvem os clamores
Das pessoas oprimidas
Sempre praticam horrores.

Assim foi lá no Egito
Como conta as Escrituras
Um Faraó bem maldito
Explorava as criaturas.

Daí as pragas rigorosas
Resposta às insanidades
Duma gente impiedosa
Que fazia atrocidades.

Com águas ensanguentadas
Muitas rãs por toda parte
Mosquitos, moscas alados
A peste matando o gado.

Mas o Faraó contudo
Coração endurecido
Permanece carrancudo
Mantendo povo oprimido.

Hoje o mundo se parece
Com aquele do passado
Com povo no cativeiro
Vítima do vil mercado
Com tiranos sem escrúpulos
Bem perversos e safados.

As pragas estão presentes
Resposta da natureza
Que sofre com os estragos
Que mancham sua beleza
E não aceita submissão
Reagindo com firmeza.

Amazônia desmatada
Os animais dizimados
As águas diminuídas
Com as secas prolongadas
O planeta poluído
Com o calor aumentado.

Tudo isso acontecendo
Com toda a humanidade
Hoje muito escravizada
Por sistemas da maldade
Que se lixam para a vida
Produzem morte e ruindade.

O sistema de mercado
Com toda sua ganância
É pai dessa pandemia
Que causa tanta lambança
Matando seres humanos
Com desamor e arrogância.








terça-feira, 7 de julho de 2020

SÃO JOÃO BATISTA












SÃO JOÃO BATISTA
              Edmílson Martins
               24/06/2020

Voz que clama no deserto
Que ecoa através dos tempos
Sempre gritando incansável
Contra tiranos sedentos
De lucro luxo e riqueza
De poderes insolentes.

O João abrindo caminhos
Pro Cristo libertador
Continua a pregação
Contra o poder opressor
Que teima em obstruir
Os caminhos do Senhor.

Os reis Herodes de hoje
Donos do lucro e poder
São advertidos por João
Que diz que vão padecer
Por causa da exploração
Que faz o povo sofrer.

Que as fogueiras de João
Com seu fogo abrasador
Queimem ganância indecente
Do poder destruidor
Que a luz forte das fogueiras
Mostre ao povo o seu valor.

Que as fogueiras de João
Com a sua luz sagrada
Ajudem o nosso povo
A clarear sua estrada
E com fogo abrasador
Aquecer sua jornada.

SEU ANTÔNIO BATISTA- O REZADOR



















SEU ANTÔNIO BATISTA – O REZADOR.
                                 Edmílson Martins
                                 Julho de 2020

Voltando à minha infância no sertão do Ceará, Sítio Ipueira, onde nasci, lembrei-me de um fato que ficou profundamente marcado em minha memória.

Um dia, eu e alguns amigos estávamos embaixo de um pé de catolé, que dava coquinhos. Era um fruto que, tirada a casca, tinha uma consistência lisa e muito doce. Colocávamos o coquinho na boca e roíamos essa consistência, que era muito saborosa.

Um dos amigos, ao roer um coquinho, descuidou-se e engoliu o caroço. Mas o caroço parou na garganta. Não descia, nem voltava. O rapaz ficou desesperado. E tentava beber água e nada. Já em casa aconselharam-no engolir farinha e nada. Batiam nas costas, sacudia o corpo dele e nada.

Alguém se lembrou do seu Antônio Batista, um senhor de mais ou menos 80 anos, que morava num sítio vizinho, chamado “Cantinho”, e era rezador. Muito procurado por pessoas em dificuldades.
- Vamos procurar o seu Antônio Batista – falou um.
- Vamos logo – disseram outros.

Fomos todos à casa do seu Antônio. Bem depressa, porque o rapaz estava cada vez mais desesperado. Não falava. Só resmungava e chorava e babava. Todos, ao lado dele, estavam também nervosos, Não sabiam o que fazer.

Chegamos todos à casa do seu Antônio. O rapaz em agonia, olhos arregalados, sem poder falar. Só fazia sinal com as mãos sobre a garganta, tentando mostrar o que acontecia.

-O que houve – perguntou o velhinho rezador, que se encontrava sentado em uma cadeira, calmo e meditativo.
- Ele engoliu um catolé – responderam todos os que o acompanhavam.

O seu Antônio, com toda serenidade, levantou-se, buscou uma cadeira, colocou-a perto dele e, dirigindo-se ao rapaz, falou:
- Sente-se aqui, meu filho. Fique calmo, fique calmo, tudo vai ser resolvido.
O rapaz sentou-se e o rezador colocou a mão na garganta dele, tentando localizar o coquinho.

Após alguns afagos e algumas palavras de ânimo, pediu um raminho de arruda que existia lá no final do terreiro. Já com o raminho na mão, ele foi fazendo o sinal da cruz e fazendo orações em silêncio. Pelo movimento dos lábios, víamos que ele estava rezando o Pai Nosso.

O rapaz foi acalmando-se, relaxando e, dentro de poucos minutos, engoliu o caroço preso na garganta. Deu um grito de alívio. Pronto estava resolvido o problema.
- Uma coisa milagrosa – pensamos todos.

Muito emocionados e aliviados, agradecemos ao senhor Antônio Batista e voltamos para casa, cada vez mais crentes na força da reza de vários rezadores existentes lá no sertão.

Naqueles tempos, final da década de 1940 e início da década de 1950, aquelas populações sertanejas, distantes das cidades, sem médicos, sem hospitais, sem nenhuma proteção de políticas públicas, quando tinham problemas de saúde, buscavam recursos caseiros e, em certos casos, buscavam a ajuda de rezadores. Essas providências, que certamente tinham a ajuda da Divindade, geralmente davam certo.

Hoje, nestes tempos de ansiedade e incertezas, lembro-me do seu Antônio Batista – o rezador, que para as crianças era o velhinho, mas na verdade, era um jovem de 80 anos, que transmitia serenidade, ânimo e esperança: “Fique calmo, fique calmo, tudo vai ser resolvido”.

Tenho hoje a idade dele e lembro-me da sua jovialidade, como a de Chico Buarque, jovem de 76 anos, que canta: “Não se afobe, não/Que nada é pra já”. E lembro-me também do Sidarta Buda, do escritor Hermann Esse, que, indagado sobre a vida, diz: “Trabalho, oro e espero”.

Neste tempo de “pandemia” e outros vírus que assolam nosso país e o mundo, com governantes incompetentes e de má vontade, está fazendo falta a magia, a serenidade, a bondade e a força da reza do seu Antônio Batista. Ele seria necessário para retirar os caroços das epidemias e dos maus governantes, presos em nossa garganta.