sexta-feira, 15 de maio de 2020

AS FOTOS




 

AS FOTOS  E AS LEMBRANÇAS

           Edmílson Martins
           Maio  de 2020            


Meu sobrinho João, sabendo da minha paixão pelo Sítio Ipueira, município de Barro, no sertão do Ceará, lugar onde nasci e do qual guardo ternas lembranças, enviou para mim, fotos daquele lugar.

Está lá a casa, onde morei, com meus pais e meus irmãos. Intacta,  reformada, mas com a estrutura original. Mantida como um Espaço Histórico de,  pelo menos, quatro gerações.

Está lá a casa, com alpendre, onde os meus pais reuniam toda a família e outras famílias locais, às noites, para conversar, ouvir contadores de estórias, ou violeiros e repentistas.

Está lá a casa, com a janela no alpendre, onde eu ficava, à luz de candeeiro,  lendo estórias em versos de cordel. Foi ali, recitando versos e lendo romances, que iniciei os conhecimentos da literatura popular. Naquele alpendre, com contadores de estórias, violeiros e repentistas, adquiri as riquezas da cultura popular.

Nas fotos, vi o açude, que fica próximo da casa. Açude onde eu tomava banho e aprendia a nadar, com meus irmãos e amigos de infância. Vi as árvores que circundam a casa, árvores verdes do tempo de chuvas.

Está lá, ao redor da casa, todo o cenário do meu tempo de infância e adolescência, com algumas modificações produzidas pela modernidade. O espaço amplo, muita gente junta conversando, fazendo refeições, bebendo. Todos demonstrando muita alegria. Tudo como era antes.

As fotos me trouxeram muitas recordações. Lembranças e saudades doces e suaves. Lembranças de um tempo passado, ainda presente. Um passado tão forte, tão marcante, que nunca sai da gente.


Ali, naquele recanto saudável, às vezes, cheio de matos secos, em época de secas prolongadas, às vezes, cheio de matos verdes, quando vinha a chuva, que enchia açudes e aguava as matas e plantações, vivi ricas experiências de vida. Apesar da pobreza material, havia uma riqueza espiritual, cultural e vivencial.

Há quem diga que tudo isso é saudosismo, ou  nostalgia. Mas eu sustento que é valorização de um tempo vivido com muito aprendizado. É História de vida e de vidas. Um tempo que não pode ser esquecido, porque está repleto de lições que ajudam a fortalecer o presente e o futuro das novas gerações.

É História. E a História tem que está sempre viva e presente. A História é um passado que nunca fica no passado. A História é a vida do povo, que deve sempre ser repassada às novas gerações.



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