ESCOLA
SEM PARTIDO
Edmílson Martins
Novembro/2018
Tempos confusos estes que estamos vivendo hoje. Tempos de
Escola sem partido, Kit gay, homofobia, racismo, etc.
Parece que estamos voltando à primeira metade do século
20, mais exatamente entre 1920 e 1940, onde reinava a disputa entre as ideias
nazifascistas e comunistas, ideologias que deixaram em efervescência o mundo
naquele momento.
Os fatos patéticos que ocorrem em nosso país, principalmente,
a partir da disputa eleitoral para presidente da República, com declarações,
atitudes e revelações ideológicas, lembram o que ocorreu na década de 1960,
quando se implantava a ditadura no Brasil.
Corriam os anos 60. O golpe Civil/militar que derrubara o
governo João Goulart, eleito democraticamente, tentava se implantar no Brasil.
“Perdidos de armas nas mãos", os militares não
sabiam como conduzir os acontecimentos. Viam inimigos do regime em toda
esquina.
Para se manterem no poder, os golpistas estabeleceram “a
caça às bruxas”. Isso consistia em perseguir, prender, torturar e até matar
aqueles que, de uma forma ou de outra, se manifestassem contra a ditadura.
Pretexto: “são comunistas e subversivos”. Daí a repressão aos trabalhadores,
estudantes, artistas, intelectuais e à cultura em geral.
Nessa euforia repressiva, multiplicaram-se os agentes do
regime: os “dedos duros”, o autoritarismo e os fatos ridículos.
Muitos se sentiram com o dever de prender qualquer
cidadão que se manifestasse conta a ordem estabelecida.
Nesse sentido, surgiram muitas piadas e estórias, umas
verdadeiras, outras, fruto do humor e da criatividade do povo brasileiro.
Uma dessas estórias conta que um delegado, acompanhado de
soldados armados, chegou a um teatro onde estava sendo apresentada a peça
Antígona, tragédia grega de Sófocles.
Antígona, filha de Édipo e Jocasta, insurge-se contra o
autoritarismo de Creonte, rei tirano, que, por vingança, proíbe os funerais
sagrados de Polinice, um dos irmãos dela.
O delegado entendeu que a peça era uma crítica ao regime
(e era) e chegou furioso ao teatro, perguntando aos atores:
- Onde está esse tal de Sófocles, autor dessa peça
subversiva?
- Não está aqui senhor – respondeu um ator.
- Não está, né! Deve está escondido em alguma célula clandestina,
tramando contra o governo.
- Já temos informação de que ele é um comunista perigoso.
Se não disserem onde ele está, serão todos presos.
- Senhor, o autor dessa peça, Sófocles, é um escritor
grego e viveu nos anos 500 antes de Cristo.
O delegado, meio incrédulo diante do que informava o ator,
ficou sem saber o que fazer e embora, desconfiado, chamou seus soldados e se
retirou.
Outra estória que se
contava com muita graça era a do coronel que, discordante do regime, andando à
paisana nas ruas, gritava: “Essa revolução é uma merda”! “Essa revolução é uma
merda”!
Um sargento, ouvindo-o, deu-lhe voz de prisão:
- O senhor está preso.
- Por que, sargento- perguntou o coronel.
- Porque o senhor está falando contra a revolução. Isso é
crime.
O coronel foi levado
para a cadeia. E lá ficou até que oficiais superiores tomassem conhecimento da
prisão. Quando foram libertá-lo, o sargento já estava preso.
Então o coronel,
passando em frente à cela onde estava preso o sargento, falou com ironia:
-Não te falei, sargento, que essa revolução é uma merda?
Eram estórias
engraçadas, irônicas e picantes, usadas como forma de resistência à ditadura.
Corriam de boca em boa e se alastravam pelo país. Eram contadas nas
universidades, nos meios sindicais, nos ambientes de trabalho, etc. , sem que a
censura pudesse impedir.
Regime nenhum jamais
poderá controlar a imaginação, a criatividade e o senso de humor do povo.
Hoje, as coisas estão
no nível dos anos 1960, principalmente a partir das eleições de outubro. O
governo eleito, em eleições democráticas, tenta sufocar ideias, reprimir a
liberdade de expressão, violentar as expressões culturais, traindo a
democracia.
Parece querer a volta
dos tempos de Creonte, Mussolini e Hitler, com ideias e práticas autoritárias e
desrespeitosas aos direitos humanos.
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