segunda-feira, 26 de novembro de 2018

ELIAS, MEU IRMÃO NO CÉU






















ELIAS, MEU IRMÃO NO CÉU
                   
                      Edmílson Martins
                      25/11/2018

O grande profeta Elias
Foi por Deus arrebatado
Ontem Elias meu irmão
Foi pelo Senhor chamado
Agora vive no Céu
Com pais e irmãos amados.

É o décimo que parte
Dos dezenove nascidos
Viveu oitenta e oito anos
Produtivos e aguerridos
Vive na Glória de Deus
Amor e paz merecidos.

Ainda me lembro dele
No meu tempo de criança
Lá no Sítio Ipueira
Que não me sai da lembrança
Quando ele irmão mais velho
Só transmitia esperança.

No Céu tem festa rolando
Por chegada do irmão
Aqui ficamos alegres
Por sua libertação.
É mais uma ave que voa
Batendo asas do sertão.

Não ficamos com tristeza
Guardamos dele saudade
Sabemos que se encontra
Agora na eternidade
Pedindo pra todos nós
Amor e serenidade.

ESCOLA SEM PARTIDO




ESCOLA SEM PARTIDO         
                        Edmílson Martins
                      Novembro/2018

Tempos confusos estes que estamos vivendo hoje. Tempos de Escola sem partido, Kit gay, homofobia, racismo, etc.
Parece que estamos voltando à primeira metade do século 20, mais exatamente entre 1920 e 1940, onde reinava a disputa entre as ideias nazifascistas e comunistas, ideologias que deixaram em efervescência o mundo naquele momento.
Os fatos patéticos que ocorrem em nosso país, principalmente, a partir da disputa eleitoral para presidente da República, com declarações, atitudes e revelações ideológicas, lembram o que ocorreu na década de 1960, quando se implantava a ditadura no Brasil.
Corriam os anos 60. O golpe Civil/militar que derrubara o governo João Goulart, eleito democraticamente, tentava se implantar no Brasil.
“Perdidos de armas nas mãos", os militares não sabiam como conduzir os acontecimentos. Viam inimigos do regime em toda esquina.
Para se manterem no poder, os golpistas estabeleceram “a caça às bruxas”. Isso consistia em perseguir, prender, torturar e até matar aqueles que, de uma forma ou de outra, se manifestassem contra a ditadura. Pretexto: “são comunistas e subversivos”. Daí a repressão aos trabalhadores, estudantes, artistas, intelectuais e à cultura em geral.
Nessa euforia repressiva, multiplicaram-se os agentes do regime: os “dedos duros”, o autoritarismo e os fatos ridículos.
Muitos se sentiram com o dever de prender qualquer cidadão que se manifestasse conta a ordem estabelecida.
Nesse sentido, surgiram muitas piadas e estórias, umas verdadeiras, outras, fruto do humor e da criatividade do povo brasileiro.
Uma dessas estórias conta que um delegado, acompanhado de soldados armados, chegou a um teatro onde estava sendo apresentada a peça Antígona, tragédia grega de Sófocles.
Antígona, filha de Édipo e Jocasta, insurge-se contra o autoritarismo de Creonte, rei tirano, que, por vingança, proíbe os funerais sagrados de Polinice, um dos irmãos dela.
O delegado entendeu que a peça era uma crítica ao regime (e era) e chegou furioso ao teatro, perguntando aos atores:
- Onde está esse tal de Sófocles, autor dessa peça subversiva?
- Não está aqui senhor – respondeu um ator.
- Não está, né! Deve está escondido em alguma célula clandestina, tramando contra o governo.
- Já temos informação de que ele é um comunista perigoso. Se não disserem onde ele está, serão todos presos.
- Senhor, o autor dessa peça, Sófocles, é um escritor grego e viveu nos anos 500 antes de Cristo.
O delegado, meio incrédulo diante do que informava o ator, ficou sem saber o que fazer e embora, desconfiado, chamou seus soldados e se retirou.
Outra estória que se contava com muita graça era a do coronel que, discordante do regime, andando à paisana nas ruas, gritava: “Essa revolução é uma merda”! “Essa revolução é uma merda”!
Um sargento, ouvindo-o, deu-lhe voz de prisão:
- O senhor está preso.
- Por que, sargento- perguntou o coronel.
- Porque o senhor está falando contra a revolução. Isso é crime.
O coronel foi levado para a cadeia. E lá ficou até que oficiais superiores tomassem conhecimento da prisão. Quando foram libertá-lo, o sargento já estava preso.
Então o coronel, passando em frente à cela onde estava preso o sargento, falou com ironia:
-Não te falei, sargento, que essa revolução é uma merda?
Eram estórias engraçadas, irônicas e picantes, usadas como forma de resistência à ditadura. Corriam de boca em boa e se alastravam pelo país. Eram contadas nas universidades, nos meios sindicais, nos ambientes de trabalho, etc. , sem que a censura pudesse impedir.
Regime nenhum jamais poderá controlar a imaginação, a criatividade e o senso de humor do povo.
Hoje, as coisas estão no nível dos anos 1960, principalmente a partir das eleições de outubro. O governo eleito, em eleições democráticas, tenta sufocar ideias, reprimir a liberdade de expressão, violentar as expressões culturais, traindo a democracia.
Parece querer a volta dos tempos de Creonte, Mussolini e Hitler, com ideias e práticas autoritárias e desrespeitosas aos direitos humanos.



OS VERDES E OS VERMELHOS




OS VERDES E OS VERMELHOS

                     Edmílson Martins
                     Novembro/2018

João de Lima Verde é um homem simples, do povo. Trabalha como porteiro de um edifício na Zona Sul do Rio de Janeiro. Veio do Nordeste, fugindo da seca, ou melhor, das injustas condições sociais de vida lá existentes.
João, de tradicional família cristã, chegando ao Rio de Janeiro, logo foi convidado a participar de uma igreja evangélica, dentre as muitas que existem em cada bairro da cidade.
 O tempo foi passando e João observava tudo que ocorria na cidade, no Brasil e no mundo. Agora estava bem informado. Possuía televisão, celular e tinha acesso às redes sociais.
- Agora, ninguém me engana – dizia João. Estou muito bem informado. O pastor me explica e eu vejo tudo pelo meu smartphone e no Jornal Nacional.
João via tudo que lhe era mostrado no Jornal Nacional e no seu celular: corrupção, mensalão, prisões de figurões da política, comunismo, fascismo, etc. Até viu de perto, em Copacabana, as manifestações pelo impeachment de Dilma.
Aquele povo todo vestido de verde, portando bandeiras verde-amarelas, tinha tudo a ver com o seu sobrenome.
- Viva o verde, vermelho é comunismo! – fala João com orgulho.
O verde, para João, significa paz, esperança, amor. Está na bandeira brasileira e faz parte do seu nome e das cores do país. Tudo isso está dito nos cartazes, nas faixas, nas redes sociais.
O vermelho, agora ele entende, significa sangue, violência, matança, coisa de comunismo. O pastor tem razão, é a cor do anticristo.
- Deus me livre! – diz João- Fico com o verde.
Então chegou a campanha eleitoral. E dois lados entraram em disputa. De um lado, os verdes, os puros, os combatentes contra a corrupção e contra o comunismo, que arma um grande esquema para dominar o Brasil e a América Latina, conforme divulgam. E João, esperto, detectava, pelo seu celular, a organização intitulada URSAL.
- Essa tal de URSAL é o grande esquema- dizia João.
Do outro lado da disputa, os vermelhos, que além de corruptos, eram comunistas, perigosos, os anticristos. Assim entendia João, conforme as informações que lhe eram passadas.
João posicionou-se:
- Fico do lado verde. E passou a odiar tudo que é ver vermelho.  Em cada objeto vermelho, via por detrás o comunismo. Deixou de usar camisa vermelha. Torcia pelo Flamengo, passou a torcer pelo Fluminense. Deixou de comer tomate, melancia, morango e outras frutas vermelhas.
- Tudo que é vermelho é comunista – sustentava João, sem perceber que seu próprio sangue é vermelho.
João passou a desconfiar de tudo que tem cor vermelha e de todos que usam roupas vermelhas.
Um dia, passando em frente a uma igreja católica, olhou pra dentro e viu alguém vestido de vermelho.
Parou e pensou:
- Bem que o pastor me falou: essa Igreja é do anticristo.
Resolveu entrar na igreja para ver de perto. Ficou assustado quando viu o padre usando paramentos vermelhos, cor que simboliza o fogo da caridade, ou seja, o amor e o sacrifício.
João ficou estupefato.
- Opa! Esse padre, usando roupa vermelha!  Faz parte do esquema, é, sem dúvida, comunista.
Chegando mais perto do altar, João viu um quadro de Jesus, com o coração sangrando.
- Meu Deus! – pensou João. Esse Jesus, expondo o coração vermelho! É comunista disfarçado. Não pode ser nosso mestre. Nosso mestre é verde. O pastor falou.
João não se conteve. Foi falar com padre:
- Seu padre, com essas cores vermelhas, esta igreja é de comunistas.
O padre sorriu e tentou explicar ao João os significados dos paramentos vermelhos:
- O vermelho que você vê, meu filho, significa o amor, o sacrifício, o sangue dos mártires, dos que doaram a vida pelo Reino de Deus, pela Justiça.
João não se conformou e falou:
- Justiça! O comunismo fala muito nisso. Esses mártires devem ter sido comunistas.
O padre continuou explicando:
- Jesus foi crucificado, teve o seu sangue jorrado na cruz, como prova de amor pela humanidade.
- Ah! Esse coração naquele quadro, com sangue vermelho! Sei não, parece coisa de comunista.
E assustado, logo saiu apressado. Nem se despediu do padre, que ficou estarrecido diante das exageradas preocupações daquele homem com o comunismo.




MAURÍCIO 51 ANOS




MAURÍCIO: 51 ANOS

      Edmílson e Maria José (pais)
          
                    Rio, 15/11/2018

Cento e vinte e nove anos
Hoje faz nossa República
Maurício, cinquenta e um
De vida civil e pública
Hoje, menestrel da Serra
Mas antes servidor público.

A República nasceu
Pra libertar a nação
Maurício nasceu poeta
Pra fazer revolução
Com poesia cortante
Trazendo libertação.

Maurício, servidor público
Também servidor bancário
Formado em jornalismo
E no saber literário
Cantor, músico, escritor
É revolucionário.

Vate espiritualista
Devoto de São Miguel
O grande arcanjo guerreiro
Do exército lá do Céu
Nele buscando coragem
Pra luta de menestrel.

Maurício, filho poeta
Devoto de Santa Clara
Neste dia abençoado
Dessa vida que não para
Queremos te desejar
Paz e luz que não mascara.