APRENDENDO A DIZER NÃO
Edmílson Martins
“Sentindo que a violência/Não dobraria o operário/Um dia tentou o patrão/Dobrá-lo de modo contrário/De sorte que o foi levando/Ao alto da construção/E num momento de tempo/Mostrou-lhe toda a região/E apontando-a ao operário/Fez-lhe esta declaração:/ - Dar-te-ei todo esse poder/E a sua satisfação/Porque a mim me foi entregue/E dou-o a quem quiser/Dou-te tempo de lazer/Dou-te tempo de mulher/Portanto, tudo o que ver/Será teu se me adorares/E, ainda mais, se abandonares/O que te fez dizer não.”
(Operário em construção – Vinícius de
Morais )
O povo queria ser
Em seu destino mandar
Queria muito crescer
Pois tinha amor para dar
Porém um golpe sangrento
Atrapalhou seu intento
Disseram: revolução!
Proclamaram redentora
E do povo salvadora
Sendo grande enganação
Por causa da violência
O povo ficou calado
Não praticou resistência
Porque foi silenciado
A chamada redentora
Com a força coatora
Procurou desmantelar
Toda a organização
E poder de decisão
Para o povo controlar
Mas o povo pensativo
Aos poucos foi despertando
Do passado combativo
Pouco a pouco foi lembrando
Trabalhadores pacatos
Agindo nos sindicatos
Com as reivindicações
Os estudantes ativos
Não queriam ser cativos
Mas sim participações
Cresciam intensamente
Os gritos de rebeldia
Número de resistentes
Aumentava todo dia
Mas ditadura sangrenta
Sem moral e violenta
Partiu para a repressão
Prendeu, torturou, matou
Sonhos bons arrebentou
Implantando sujeição
Com a dura repressão
Houve certo retraimento
O povo na escuridão
Entrou em recolhimento
Mas o tempo foi passando
E as visões se clareando
Outra vez foi ressurgindo
A vontade de lutar
Pra fazer tudo mudar
Continuou resistindo
A ditadura sentindo
Que com toda a violência
Tava o povo resistindo
Agiu com mais indecência
Fingindo ser democrática
Oferecendo na prática
O poder de decisão
Tudo lhe seria dado
Se acatasse de bom grado
Interesses do patrão
O povo sempre discreto
E na sua solidão
Indiferente, indireto
Respondeu dizendo não
Mas a ditadura esperta
Logo dirigiu oferta
às lideranças do povo
Algumas não aceitaram
Muitas Outras vacilaram
Outras fugiram do novo
E o PT disse sim
- Operários no poder!
Mesmo submissos assim
Famosos podemos ser
Ditadura continua
O povo saiu da rua
A corrupção é patente
Participação murchou
Trabalhador recuou
O banqueiro tá contente
Ser governo desse jeito
Com toda essa submissão
Para nós não é direito
Porque é escravidão
Ser governo assimilado
É querer ser humilhado
Por sistema corrompido
É aceitar tentação
Pra cair na corrupção
Trair povo destemido
Assim agem resistentes
Hoje na situação
Esqueceram tão somente
Que sofreram repressão
Administrando sistema
Que com seu estratagema
Mantém a dominação
Alimentando ganância
Sem pudor com arrogância
Roubando população
Assim fazemos apelo
A quem tem bom coração
Áquela gente de zelo
Livre da tribulação
Para que façamos força
Pra reunir nossas forças
Para juntos sendo fortes
Conquistar a liberdade
Erradicar a maldade
Que nos causa muitas mortes.
Rio, maio de 2011
“A paz é fruto da justiça”
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