quinta-feira, 25 de julho de 2024

MEDO DE ASSOMBRAÇÃO

 

    MEDO DE ASSOMBRAÇÃO

 

                       Edmílson Martins de Oliveira

                       Julho/2024

 

Quando eu era menino, no sertão do Ceará, ouvia muitas histórias de assombração. Eram almas do outro mundo que apareciam, principalmente, à noite. As almas simplesmente apareciam. Não faziam mal a ninguém. Mas, por serem do outro mundo, a gente tinha medo. Era, na verdade, o medo do desconhecido, como até hoje acontece na vida real.

 

Os mais velhos diziam: a alma do fulano apareceu a beltrano, veio pedir alguma coisa. Havia a crença de que as almas apareciam porque precisavam de ajuda para se salvarem. Eram chamadas de almas penadas.

 

A partir daí, muitas histórias eram contadas e o imaginário popular, principalmente , o das crianças, ficava repleto de fantasias. Todas as histórias eram contadas como verdadeiras. As crianças acreditavam que realmente os fatos teriam acontecido.

 

Havia um senhor, chamado Vicente Severo, que era um hábil contador de histórias. Agradava a crianças e adultos. Era um artista. Dramatizava de tal forma as histórias, que pareciam verdadeiras e que ele tinha vivido tudo aquilo que contava.

 

Lembro-me ainda de uma das histórias que ele contava:

um viajante hospedou-se numa casa de fazenda abandonada. À meia noite, ouviu uma voz de mulher no sótão:

- Estou aqui.

O viajante respondeu com muita graça, na voz do contador:

- Ah, é? Eu também estou aqui.

E cada vez que a voz misteriosa falava, ele respondia com ironia, como se estivesse falando com alguém vivo.

 

Aí, a voz dizia:

- Vou deixar cair meu braço.

-  O braço é seu, você faz dele o que quiser- respondia o viajante.

 

Foi caindo um braço, depois outro braço, depois uma perna, depois outra perna, até que caiu o restante do corpo e o viajante nem ligava, como se nada estivesse acontecendo. Até que de repente juntaram-se as partes do corpo e surgiu uma mulher muito bonita, pedindo ao viajante que arrancasse uma botija, um pote cheio de  ouro, que ela tinha enterrado ali na sala.

 

Alguém precisava desenterrar a botija para que ela se salvasse. O viajante desenterrou a botija e ficou muito rico. E a mulher desapareceu, certamente, com a alma salva.

 

Enquanto seu Vicente contava a história, todos ficavam muito atentos e tensos, aguardando o final. As histórias, apesar de assustadoras, sempre tinham um final feliz, que criava uma certa distensão. Todos respiravam, aliviados, Mas tudo ficava guardado na memória das crianças. Embora sabendo que nada daquilo era verdade, que eram Histórias de Trancoso, nos momentos de escuridão, lembrando das histórias, ficavam com medo.

 

Aqui, no Rio de Janeiro, há pouco tempo, marquei uma consulta com um médico homeopata. Como era a primeira consulta, tive que responder a um questionário. Ele me fez várias perguntas. Eu fui respondendo. Contei que eu fora preso pela ditadura, em 1972, com ameaças de torturas e sumiço. Ele me perguntou se tive medo. Eu disse que não. Ele então me perguntou se tive ou tenho medo de alguma coisa. Eu respondi que tenho medo de assombração. Ele riu, com ironia e surpresa. E falou, admirado: quer dizer que... você não teve medo de torturas e de sumiço, mas tem medo de assombração... Eu respondi que sim. Ele riu muito.

 

Pois é, hoje, com  86 anos, ainda tenho medo de assombração, que não faz mal a ninguém, mas não tenho medo de encarar e combater a violência das guerras, a violência social imposta por um monstro real, chamado capitalismo, que não aparece à noite, como as almas do outro mundo, mas em plena luz do dia, produzindo muito mal para a humanidade, diferente das almas, que só querem ser salvas,

sexta-feira, 12 de julho de 2024

MARIA, MENINA

 

MARIA, MENINA

 

         Edmilson Martins

         Rio, 12/07/2024

 

Hoje, o dia amanheceu

E eu contemplo Maria

Que se encontra sedada

Por causa da isquemia

Dormindo sono sereno

Ao ouvir a Ave Maria

 

Seu semblante é tranquilo

Olha seu interior

Dizendo neste momento

Falo com nosso Senhor

Ouço música de Bach

Que é expressão do amor

 

Ao som da música eterna

Tenta se comunicar

Com movimentos da boca

Pra tentar algo falar

No silêncio profundo

Concentra-se pra rezar

 

Vendo seu rosto sereno

Mesmo com olhos fechados

Percebo algum movimento

Mostrando estar antenada

Ouvindo música clássica

Se mostra mais relaxada

 

Olhando pro infinito

Ela repousa com anjos

Ouvindo músicas sacras

Cantadas pelos arcanjos

Na certa participando

Com a sua voz e arranjos

 

Em breve estará acordada

Muitas coisas vai falar

Vai querer saber de tudo

Muitas coisas vai contar

Tudo voltará ao normal

Com amigos vai ficar

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ATOS DOS APÓSTOLOS E ORAÇÕES

 

ATOS DOS APÓSTOLOS E
ORAÇÕES.
 
5 "Pedro, então, ficou detido na prisão, mas a igreja orava intensamente a Deus por ele.
Repentinamente apareceu um anjo do Senhor, e uma luz brilhou na cela. Ele tocou no lado de Pedro e o acordou. "Depressa, levante-se!", disse ele. Então as algemas caíram dos punhos de Pedro".
 
Isso é a força da oração. Essa comunicação com Deus, que ouve os clamores dos seus filhos e os atende, quando a causa é justa.
 
Assim, está acontecendo com a Maria José, que há dois dias foi internada em estado grave. Os médicos, inicialmente, não sabiam o que ia acontecer. Os prognósticos não eram animadores.
Então, eu pedi a todos os amigos orações e energias positivas por ela.
 
Foi grande a atenção de todos e, por vários Estados do Brasil, graças à internete, muitos amigos começaram a orar por ela, formando uma grande corrente de pensamentos positivos.
Deus nos ouviu. A partir do segundo dia, com os exames, tudo foi se clareando e a gravidade do problema foi se diluindo. Hoje, conforme as avaliações médicas, ela já está bem melhor. Com perspectivas de mais melhoras.
 
Obrigado a todos pelas orações e bons fluídos. vamos continuar orando pelo seu completo restabelecimento.
Deus é bom e misericordioso.

quarta-feira, 10 de julho de 2024

MARIA JOSÉ MARTINS DE OLIVEIRA

 

 

 

MARIA JOSÉ MARTINS DE OLIVEIRA

 

                          Edmílson Martins de Oliveira

                          10 de julho de 2024

 

Maria José Martins

Tão rebelde tão teimosa

Na luta por liberdade

Tão firme tão vigorosa

Ama o perfume das flores

Com crianças carinhosa

 

Busca a recuperação

De isquemia cerebral

Pretende logo sair

Do leito do hospital

Para sorver o perfume

Das flores cá do quintal

 

Bem engajada na luta

É dileta companheira

Sempre juntos na peleja

Amigos de vida inteira

Precisamos estar juntos

Na jornada sem fronteira

 

Mulher forte sem igual

Esposa e mãe dedicada

Com vida inteira na luta

Não pode ser dispensada

Já enfrentou ditadura

E repressão descarada

 

Maria José Martins

É a dose mais forte lenta

Que honra o nome Maria

Muitos sonhos acalenta

Mistura a dor e alegria

Trancos e barranco aguenta

 

Peço a Deus Nosso Senhor

Sua recuperação

Que volte do hospital

Pra terminar a missão

Que recebeu de Jesus

Pro Plano da salvação