CRIANÇAS E IDOSOS
Edmílson Martins de Oliveira
Rio, fevereiro de 2023
Há, em nosso país, dois grupos sociais que merecem todo o respeito, consideração e cuidados da sociedade. São as crianças e as pessoas idosas. As crianças, porque são frágeis e serão os construtores do amanhã; as pessoas idosas porque, por anos a fio, deram sua contribuição para a construção da sociedade. Também, porque todos são pessoas humanas, filhas de Deus, com dignidade a ser preservada.
Infelizmente, no Brasil, esses dois grupos sociais sempre foram desprezados pelo Estado, porque não atendem aos desejos egoístas e gananciosos dos donos do poder e do capital. Para esses senhores da ganância, não existe ser humano, mas dinheiro, lucro e poder. Os que não contribuem para isso, são descartados, excluídos.
A sociedade brasileira, que vota e elege seus governantes, não pode aceitar, de jeito nenhum, esse tratamento desprezível reservado às crianças, idosos e idosas. Eles merecem respeito e as famílias e o Estado têm a obrigação de cuidar deles com muito amor e carinho. O Estado tem que estar a serviço de todo o povo, com igualdade, não a serviço de uma minoria privilegiada.
Margarida, com 93 anos, enfermeira aposentada, com mais de 30 anos de serviços, cuidando de pessoas em hospitais e casas de saúde, e Terezinha, sua irmã e curatelada, com 80 anos, com problemas neurológicos, estão no grupo de idosas, necessitando, como outros, do apoio, consideração e carinho da família e do Estado. São minhas cunhadas, irmãs da Maria José e do Luiz Gonzaga, remanescentes de uma família de oito irmãos.
Por causa das deficiências da Saúde Pública, dos planos de saúde e das defasagens salariais da Margarida, tutora, eu, Maria José, nossos filhos e outros membros da família, com ajuda financeira, tivemos que buscar uma casa de repouso para idosos, para que elas possam ter o atendimento adequado e decente.
São providências provenientes da sensibilidade humana e familiar. Contudo, é preciso chamar a atenção para as consequências do perverso sistema social em que vive a nação brasileira. É esse sistema, que adora o deus capital, o responsável pelas desigualdades sociais, pela proteção de uma minoria endinheirada, em detrimento da grande maioria que vive com grandes dificuldades.
Esse sistema capitalista satânico destrói a família brasileira, negando tudo que lhe é sagrado: o direito ao trabalho, à saúde, à cultura, aos cuidados, a uma convivência harmoniosa, a uma vida digna no começo, no meio e no final da existência. Ou seja, esse sistema nega os direitos fundamentais da pessoa humana.
Há 200 anos, o naturalista francês Auguste de Saint Hilaire, que percorreu o Brasil por seis anos, advertiu: “Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil”. Nestes tempos de perversidades econômicas e políticas, parafraseando o naturalista, ou a sociedade brasileira acaba com o sistema que a destrói, ou o sistema continuará destruindo a sociedade brasileira.
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