segunda-feira, 15 de novembro de 2021

MARINHEIROS DE PRIMEIRA VIAGEM

MARINHEIROS DE PRIMEIRA VIAGEM

 

                                  Edmílson Martins

                                  Novembro/2021

 

Era a manhã do dia 15 de novembro de 1967. Maria José esperava bebê, o primeiro rebento. Estava no final da gravidez, que, conforme cálculos do médico, duraria mais alguns dias.

 No dia anterior, tínhamos ido ao Hospital da Lagoa, então Hospital dos Bancários, para consulta. Após exames, o médico dissera que ainda não estava na hora do parto. Embora a Maria José reclamasse de algumas dores, deveria voltar para nova consulta no final do mês.

 Durante a noite, Maria José continuou sentindo dores. Influenciados pelas informações do médico, achávamos que não eram indícios do parto. Folheávamos o livro “Vou ser Mãe” e não encontrávamos informações precisas sobre os sinais que indicam a hora do parto.

 Já eram nove horas da manhã, quando chegou minha sogra, dona Elza, talvez impulsionada pelo anjo da guar do menino que ia nascer. Quando contamos o que estava acontecendo e as informações do médico, ela, com a experiência de quem tivera oito filhos, logo falou:

- Busque rápido o táxi, que vou arrumar as roupas da Maria José. Vamos pro hospital agora. Essa criança vai nascer.

 Chegamos ao hospital às onze horas e quarenta e cinco minutos. Maria José nem podia andar. Subiu para a sala de partos em cadeira de rodas. Exatamente às treze horas, nasceu o Maurício, nosso primeiro rebento, que se segurou para não rebentar antes de chegar ao hospital.

 Maurício, querendo romper com as normas legais do cálculo frio do médico, decidiu nascer no dia da proclamação da República, que rompia com as normas imperiais, que controlavam as liberdades humanas. Saiu do hospital no dia dezenove, dia da bandeira.

 Hoje, com cinquenta e quatro anos, Maurício, como jornalista, sociólogo, escritor, compositor e cantor, está sempre tentando romper com o status quo, propondo mudanças e a construção de um mundo novo.

AS DORES

 

AS DORES

           Edmílson Martins

           Outubro/2021

Existe dor de cabeça

E há dor no tornozelo.

Há também dor de barriga

E surge dor no joelho.

Existe dor de saudade

Também dor de cotovelo.

 

Porém, a dor na coluna

Oh que dorzinha danada.

Dá de dia, dá de noite

Dá também de madrugada.

Não deixa a gente dormir

Ô que dorzinha enjoada.

 

Eu já senti muitas dores,

Mas essa dor é safada.

Vai pro joelho, pra perna

Não deixa jeito pra nada.

Uma dor caminhadeira

Que fica, às vezes, parada.

 

Não queremos sentir dor,

Mas ela sempre aparece.

Sempre chega de mansinho

Às vezes, nos desfalece.

Tenta tirar nossas forças

E nunca se compadece.

 

A dor, nossa companheira

Tem que ser administrada.

Vinda das nossas fraquezas

Precisa ser controlada.

O combate às suas causas

Tem que ser luta cerrada.