terça-feira, 18 de agosto de 2020

CAMINHANDO....SEM PRESSA

 

 

CAMINHANDO... SEM PRESSA

          Edmílson Martins

          Agosto/2020               

         A vida passa depressa

Passamos sem perceber

Que as loucuras do mundo

Restringem nosso viver

Que na escuridão terrestre

Não vemos o sol nascer.

 

Pensando que o tempo passa

Todos nós nos enganamos

Sem perceber na verdade

Que somos nós que passamos

Pois aqui neste planeta

Todos nós somente estamos.

 

Aqui estamos todos nós

Por obra do Criador

Pra cultivar o jardim

Que pôs ao nosso dispor

Dando-nos após a queda

Missão de restauradores.

 

Então por que tanta pressa

Por que tanta correria

Neste mundo passageiro

De tão curta travessia

Onde tudo se resolve

Sem afogo ou histeria?

 

É muito bom que façamos

Como o velho marinheiro

Que rema bem devagar

Durante o ano inteiro

Certo de que pra chegar

Não precisa ser ligeiro.

 

A vida é um tesouro

Que não podemos perder

É preciso cultivá-la

Com muito amor e prazer

Devagar e com cuidado

Pra não por tudo a perder.

 

Nossa vida é eterna

Mas neste mundo tem fim

Estamos numa corrida

Com tempo bom ou ruim

Chegaremos ao final

Andando sem pressa, sim.

 

Tenho oitenta e dois anos

E guardo muitas lembranças

Pois parece que foi ontem

O meu tempo de criança

Sendo tão curta a viagem

Em toda minha andança.

 

Devagar se vai ao longe

Diz o dito popular

Neste mundo acelerado

É preciso sossegar

Pra descobrir afinal

Aonde se quer chegar.

 

 

 

 

 

ARROGÂNCIA

 

 

                  ARROGÂNCIA

                             Edmílson Martins

                             Agosto/2020

 

Lendo o texto de Frei Betto “O tamanho da arrogância”, lembrei-me de alguns casos de arrogância, curiosos e até hilariantes.

O primeiro caso me foi relatado quando eu ainda era criança, na década de 1940. Foi na cidade de Milagres, município onde eu nasci, no sertão do Ceará.

 O fato teria ocorrido por volta 1930, quando ainda existia o coronelismo rural, iniciado na monarquia, após a saída de Dom Pedro I, entrando pela República Velha, até 1930.

 No Brasil rural, fazendeiros adquiriam a patente de coronel, para exercerem o poder político em sua região. Tudo era resolvido pelo coronel e o povo votava em quem ele determinava.

 Lá no sertão, um acontecimento em torno de um coronel, ficou na memória do povo, por muitos anos e era contado com muita graça. Um senhor de mais ou menos 75 anos, conhecido como “Pedro Velhinho", era fazendeiro, mas vivia como muita simplicidade. Tinha a patente de coronel, mas não a usava para botar banca, ou exercer influências.

 Mas num dia de feira, ele se dirigia à cidade de Milagres, montado num burro e passou por um lugar onde se vendiam cavalos. Dirigiu-se ao vendedor e perguntou quanto custava certo cavalo, muito formoso, que muito lhe agradou. O vendedor, muito arrogante e preconceituoso, olhando-o da cabeça aos pés e vendo-o com vestes simples, usando chinelos, de chapéu de palha, montado num burro, assim respondeu:

- Você não tem dinheiro pra comprar esse cavalo, velho.

 O homem ficou calado, engoliu a seco a provocação. Foi à casa que tinha na cidade, vestiu a farda de coronel e voltou à feira, para responder à provocação do arrogante vendedor de cavalos.

Dirigindo-se ao vendedor, ostentando sua farda de coronel, perguntou:

- amigo, quanto custa este cavalo. O vendedor, vendo-o com uniforme de coronel, ficou desconcertado, pedindo desculpas.

- Desculpe, coronel, eu não sabia quem era o senhor.

 Outro caso ocorreu na década de 1960, tempo da repressão da ditadura militar. Um sargento, cheio de autoritarismo e arrogância, chegou com seus soldados a um teatro, onde era apresentada a peça Electra, de Eurípedes, escritor de tragédias da mitologia grega.

 - Onde se encontra esse tal de Eurípedes, autor dessa peça subversiva? – bradou o sargento. E ameaçou prender os atores se eles não dissessem a verdade. Os atores tentaram, com dificuldade, convencer o homem de que Eurípedes vivera há cerca de 500 anos antes de Cristo. O sargento ouviu as informações, mas não acreditou. Ficando em dúvida, saiu do teatro, mantendo a ameaça aos atores.

 Outro fato hilariante ocorreu também na época da ditadura. Um coronel do Exército, à paisana, descontente com o golpe militar, gritava nas ruas: “Essa revolução é uma merda”. “Essa revolução é uma merda”. Um sargento da Polícia, ouvindo-o, resolveu dar voz de prisão, sem saber que se tratava de um coronel do Exército. Levou-o para a cadeia.

 Quando oficiais superiores souberam da prisão do coronel, foram libertá-lo. O coronel, passando em frente à cela onde já estava preso o sargento, falou com ironia:

-Não te falei, sargento, que “essa revolução é uma merda”!

 São fatos curiosos, hilariantes e grotescos, que mostram como a arrogância está arraigada na cultura brasileira. E isso acontece desde a época da colonização.

 É a cultura do autoritarismo da elite dominante, que se arroga o direito de ser mais importante do que os outros, por ter um cargo, ter mais conhecimento, ou ter mais dinheiro, criando assim as desigualdades na sociedade. E o mais grave é que essa cultura é disseminada em todas as classes sociais.

 

 

 

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

O COVID 19, O MERCADO E O POVO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O COVID 19, O MERCADO E O POVO

 

              Edmílson Martins

              Agosto 2020

 

Esse tal coronavírus

É um bicho desgraçado

Age como a ditadura

Quer ver a gente lascado

É necrófilo e genocida

Quer destruir povo amado.

 

Ele nasceu lá na China

Porém é verde-amarelo

Porque aqui foi adotado

Pelos que criam flagelo

Por aqueles que fustigam

Nosso povo mais singelo.

 

Eita Vírus sem –vergonha

Bem cretino e serviçal

É matador e perverso

Servidor do capital

Dizima seres humanos

Por um desejo banal.

 

É o desejo de lucro

De homens gananciosos

Que cultiva esse vírus

Com efeitos tão danosos

Que leva tanto sofrer

Principalmente aos idosos.

 

E há governos sem ética

Que traem seus governados

Subestimando o perigo

Desse vírus tão danado

Desprezando ser humano

Para atender ao mercado.

 

Os senhores do poder

Com suas obras safadas

Não precisam usar máscara

Porque já são mascarados

Pois fingem fazer o bem

Mantendo povo enganado.

 

“Nós teremos cem mil mortos

Mas Vamos tocar a vida”

Disse o cruel presidente

Em postura homicida

E completo desrespeito

Às pessoas falecidas.

 

Cem mil pessoas morreram

Por causa da pandemia

O governo brasileiro

Só debocha noite e dia

Numa atitude tirana

Bastante perversa e fria.

 

E há um povo cordeiro

Aceitando submissão

Sujeitando-se aos caprichos

Da avareza do patrão        

Que empurra pro suicídio

Tanta gente sem ação.

 

É preciso despertar

Para ver toda a maldade

E não deixar que nos roubem

Nossa honra e dignidade

Não só de pão vive o homem

Disse o mestre da verdade.