segunda-feira, 29 de junho de 2020

SÃO PEDRO E SÃO PAULO












PEDRO E PAULO
                        Edmílson Martins
                       29 de junho de 2020
Pedro, que também é pedra,
Nosso grande pescador
O que decidiu pescar
No mar de Nosso Senhor.
“Serás pescador de homens”
Disse Jesus redentor.

Com alguma relutância
São Pedro aceitou Jesus
Até o negou três vezes
Com medo de ir pra cruz
Mas saiu da escuridão
Decidiu seguir a Luz

Jesus partiu para o Céu
Pedro para o mar profundo
Seguindo missão do Mestre,
Que quer transformar o mundo,
Enfrentando tempestades
No oceano fecundo.

Paulo, que antes foi Saulo
Perseguidor dos cristãos
Que na estrada de Damasco
Perdeu a velha visão
Adquirindo olhar novo
Com Jesus e seus irmãos.

De duro perseguidor
Passou a ser perseguido
Combateu o bom combate
Com muito ardor, destemido
Enfrentou a luta e a morte
Guardando a fé sem gemido.

Paulo correu pelo mundo
Testemunhando Jesus
Levando a todos os povos
A verdade que seduz
Mostrando a ressurreição
E a grande paz que produz.

Pedro com chave do Céu
Paulo com bíblia na mão
Os dois saíram pregando
Levando libertação
Propondo à humanidade
Verdadeira construção.

Fiéis ao Reino de Deus
Pregaram a liberdade
Combateram bom combate
Por nova humanidade
Sacrificaram suas vidas
Por um Reino sem maldades.

E hoje mais do que nunca
Eles estão aqui presentes
Com seu belo testemunho
Animando toda a gente
Mostrando que é possível
Combater os prepotentes.


sábado, 13 de junho de 2020

RECADO ÀS NOVAS GERAÇÕES


















RECADO ÀS NOVAS GERAÇÕES
    Edmílson Martins
    Junho de 2020

O ano de 1960 iniciava uma década de efervescência social e política. Eu e outros jovens pertencíamos a uma geração que queria mudar o mundo. Participando de movimentos da Igreja Católica, éramos animados pelas propostas do Concílio Ecumênico Vaticano II, convocado pelo papa João XXIII. Ele convidava todas as pessoas de boa vontade e todos os povos para a “imensa tarefa de restaurar as relações de convivência humana na base da verdade, justiça, amor e liberdade”.
Mostrava a necessidade de se construir a paz e a coexistência pacífica e civilizada entre todos os seres humanos. Promovendo o rejuvenescimento da face de Cristo, evocava a força transformadora do Evangelho e lembrava aos cristãos a missão de construir o Reino de Deus na terra, agindo no mundo conforme a proposta libertadora de Jesus Cristo, sempre repleto de eterna juventude. Deveríamos ser fermento na massa.
Cresceu a participação da juventude, quando sentiu que poderia ser agente das mudanças, das conquistas sociais e da construção da sociedade. Com a sua sensibilidade, energia e disposição, os jovens partiram para a ação, mostrando que tinham capacidade e visão de mundo, podendo apontar rumos de mudanças. Não nos conformávamos com o mundo do jeito que estava. Tinha que mudar.
Inicialmente, no nosso grupo, éramos poucos jovens. Na Congregação Mariana da igreja do Imaculado Coração de Maria, no Méier, participávamos de profundas reflexões, nas manhãs de domingo, à luz do Evangelho e do Concílio, sobre o papel dos cristãos no mundo: ser testemunhas de Cristo na sociedade, agentes de construção da justiça e da paz. Assim mostravam os Evangelhos e os documentos sociais da Igreja.
Éramos poucos e queríamos ser multiplicados, na convicção de que “grande é a messe e poucos os operários”. E fomos à praça em busca de mais operários. E então vários outros jovens, sedentos de participação, surgiram. E aprofundamos as ideias de mudanças, mudanças pessoais, com perspectiva de mudanças sociais.
Naquele momento, existia no mundo um fervor na política: a Revolução Cubana; a resistência dos vietnamitas contra a dominação do império norte americano; as guerras no Oriente Médio; a explosão do Movimento Negro nos Estados Unidos, liderado pelo pastor Martin Luther King; as ditaduras militares na América Latina, etc. Tudo isso fazia crescer na juventude a consciência de que o mundo precisava mudar. Assim, o sonho de liberdade e a esperança aumentava.
As duas primeiras encíclicas sociais, Mater et Magister e Pacem in Terris, do  papa João XXIII, animavam muito os jovens do mundo inteiro, independente do credo religioso,  a se integrarem no sonho da construção do mundo justo, fraterno e solidário.
A Encíclica Populorum Progressio, do papa Paulo VI, sempre atual, defendendo o desenvolvimento integral do homem, da solidariedade universal; a renovação da ordem temporal; pregando  a mudança da mentalidade, dos costumes, das leis e das estruturas sociais e políticas convidava os cristãos e todas as pessoas de boa vontade a lutar por uma civilização solidária.
Alguns de nós se formaram engenheiros, professores,  médicos, advogados,  e outros exerceram profissões diversas, levando, cada um, para sua profissão e para sua comunidade de vida, esse espírito evangélico de construtor do Reino de Deus, sempre pugnando por uma sociedade mais justa e fraterna.
Alguns ingressaram nas atividades sindicais, políticas e partidárias, movimentos populares, etc. Todos se destacaram em suas profissões e atividades sociais. E alguns se destacaram na atuação política e partidária, em cargos parlamentares.
Hoje, sexagenários, septuagenários, e alguns, até octogenários, não nos conformamos com o mundo do jeito que está, mas guardamos a convicção de que, como o semeador do Evangelho, semeamos a semente e, talvez, parte tenha caído à beira do caminho, outra em terreno pedregoso, outra entre os espinhos, mas sabemos que boa parte caiu em terreno fértil. A colheita? Deixemos a Quem de direito. Fizemos a nossa parte.
Concluindo: queríamos realmente mudar o mundo. Alimentamos esse sonho e investimos nesse projeto, mantendo sempre a certeza de que esse investimento não tinha um sentido passageiro ou imediato. Acreditávamos ser um processo de construção de tempo indefinido, permanente e eterno.
Para nós, não existia, nem existe a questão do tempo, mas os valores eternos, ontem, hoje e sempre.  Por isso, insistimos na convicção de que o sonho de mudança continuará, porque mudar é sempre um desejo e necessidade do ser humano. Como disse d. Hélder Câmara – eterno jovem e portador de eterna esperança- ”Quem não precisa de conversão?”
Também hoje, os jovens não devem se conformar com o mundo do jeito que ele está. Precisam sonhar, alimentar a utopia de que um mundo melhor é possível e lutar com entusiasmo e esperança, sem pressa, sem a ânsia de resultados imediatos. É preciso pensar e sonhar grande. Só luta com ardor quem pensa em coisas grandes e tem sonhos belos.











quarta-feira, 10 de junho de 2020

BANCO DO BRASIL, BANCO DO POVO BRASILEIRO














BANCO DO BRASIL, BANCO DO POVO BRASILEIRO
                                       Edmílson Martins
                                       Junho de 2020


O Banco do Brasil, gente
Pertence à nossa nação
Os brasileiros não querem
Sua privatização
Por isso, gritemos forte
Privatizar não, não, não.

Banco do Brasil, do povo
Todo nosso ninguém tasca
Quem tentar privatizá-lo
Garantimos que se lasca
É um patrimônio público
Quem for contra se enrasca.

Nosso Banco do Brasil
Fundado para servir
Pro país desenvolver
No presente e no porvir
Para produzir riquezas
E no povo investir.

O banco é cobiçado
Por senhores da ganância
Que só querem todo dia
Aumentar sua poupança
Querem Banco do Brasil
Pra fazer sua lambança.

Os servidores do banco
Ativos e aposentados
Reagimos veemente
Contra esse torpe atentado
Que desejam perpetrar
Contra esse banco do Estado.

Nossa gente brasileira
Combaterá com firmeza
A tentativa infame
Dessa gente sem grandeza
De arrebatar nosso banco
Parte da nossa riqueza.





terça-feira, 2 de junho de 2020

SAINDO DA PRISÃO




SAINDO DA PRISÃO
                      Edmílson Martins
                      02 de junho de 2020

Dois de junho de 1972, 17 horas. O carcereiro chegou à cela e gritou:
- Edmílson Martins, Roberto Martins e Antônio Imbiriba, arrumem suas coisas, vocês vão sair. Para esclarecer, Roberto e Imbiriba já partiram para outra dimensão da vida.

Da cela, que ficava num porão, subimos para um sobrado, onde ficava a delegacia da Polícia Federal. Lá estava o advogado doutor Técio Lins e Silva, com um alvará de soltura, emitido pelo juiz auditor da Segunda Auditoria da Marinha, doutor Paulo Simões Correa.

- Vocês estão livres- disse o doutor Técio.  E fez uma recomendação:
- Saiam separados e despistando, porque existem vários grupos de repressão.  Vocês estão sendo libertados, mas poderão ser presos lá fora por algum desses grupos.

O Brasil vivia a fase mais cruel da ditadura militar, sob o comando do general Emílio Garrastazu Médici. Era o momento de prisões, torturas e desaparecimento de pessoas que discordavam do regime. E havia as ações oficiais da ditadura e ações de grupos paralelos, que agiam, independentes do governo.

O Imbiriba foi o primeiro a sair. O Roberto estava com a esposa, dona Maria Luísa, que, avisada sobre a nossa saída, foi à delegacia. E propuseram que saíssemos juntos. Assim, estaríamos mais protegidos de algum imprevisto.

Chegava ao fim um isolamento social, uma quarentena de quarenta e seis dias, imposta pelo terrível vírus chamado ditadura, vírus do autoritarismo, da intolerância e da ganância.  A ditadura, a serviço dos banqueiros e do mercado, impôs a quarentena porque o Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, do qual eu era presidente, defendia os direitos fundamentais dos bancários e demais trabalhadores.

O Roberto e dona Maria Luísa, muito solidários, decidiram ir comigo, pra me dar cobertura, até o Grajaú, à casa do casal Vicente e Virgínia, (os dois já no Céu) irmão e cunhada da Maria José. No trajeto, a impressão de que, depois de 46 dias de isolamento total, tudo parecia diferente. As pessoas, os carros, os ônibus, as árvores, tudo transmitia a sensação de um mundo novo.

A Virgínia, avisada pelo advogado, num gesto de grandeza e solidariedade, fora ao meu encontro na Polícia Federal. Quando lá chegou, eu já tinha saído e me dirigia à sua casa. Por medida de segurança, não fui direto para minha residência. Tempos obscuros!

A Virgínia, quando soube da notícia, antes de ir à Polícia Federal, telefonou para a Maria José, transmitindo a boa nova. E assim falou:
 - Maria José, convido você, as crianças e o Edmílson para a festa de aniversário da Mônica. Maria José conta que, surpreendida, ficou emocionada e até perdeu a fala.

Nesse momento, um fato muito impressionou Helena Werneck, de saudosa memória, uma amiga da Igreja que ajudava Maria José. O Maurício tinha quatro anos. Quando a Maria José disse que o pai estava voltando para casa, ele gritou, eufórico, pulando no sofá: “aleluia! Aleluia!” , “o pai tá chegando!”. Expressava a alegria da criança, privada do convívio do pai por quarenta e seis dias.

Nestes tempos de pandemias, de isolamento social, com ameaças de volta ao autoritarismo, é bom refletirmos sobre esses fatos do passado. Fatos de um tempo em que uma ditadura privava as pessoas das suas liberdades naturais. É preciso que esses episódios sejam lembrados, para que esse tempo terrível nunca mais volte. DITADURA NUNCA MAIS.