domingo, 19 de abril de 2020

SSOU IDOSO, SIM SENHOR



SOU IDOSO, SIM SENHOR.
                     Edmílson Martins
                     Abril/2020
           
Sou idoso, sim senhor
E não nego minha idade
Tenho oitenta e um anos
Guardo jovialidade
Não tenho medo de vírus
Pois tenho imunidades.
                              
Para combater o vírus
Não basta recolhimento
Carece ter condições
Para ter bons alimentos
Fragilidades humanas
São motivos de tormentos.çlkk

Ter as condições de vida
Que todos devemos ter
Tudo que é necessário
Para bem sobreviver
São coisas indispensáveis
Para o vírus combater.

A sociedade toda
Está tão enfraquecida
Que não pode suportar
O tal vírus homicida
Que no seu esconderijo
Tem desejo genocida.
                                                      
O corona é perverso
Nascido para matar
Gerado e desenvolvido
Para o mundo devastar
E vem como uma praga
Pro “Faraó” se lascar.

Esse covid é um vírus
Igual guerras assassinas
Por interesses escusos
O ser humano elimina
São invenções pervertidas
Que a Lei de Deus abomina.

Vamos combater o vírus
Tal qual recomendações
Exigindo dos governos
As mais justas condições
Porque estamos cansados
Das promessas de ladrões.

Clique no link pra ver o vídeo.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

17 DE ABRIL, HÁ 48 ANOS





17 DE ABRIL, HÁ 48 ANOS
                    Edmílson Martins
                    Abril de 2020

Era uma segunda-feira. Acordei cedo, após um fim de semana com a família: Maria José, Maurício, com quatro anos e Rinaldo, que, no mês seguinte, faria dois anos.

Arrumei o material de trabalho, despedi-me deles e parti para o Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro. Eu estava presidente. Eleito pela categoria, numa eleição democrática, apesar dos limites impostos pela ditadura que dominava o Brasil.

Corria o ano de 1972 e o Brasil tinha como presidente, imposto pelo regime militar, o general Emílio Garrastazu Médici, o mais truculento de todo o período ditatorial.

O país vivia um clima nebuloso e de incertezas, com perseguições, prisões e desaparecimentos de lideranças populares. Sindicalistas, por exemplo, saíam de casa para o sindicato e não sabiam se voltariam.

Aquele dia foi de muita atividade. Os bancos não cumpriam as decisões da Justiça do Trabalho, nem cumpriam os acordos sindicais, com a cobertura do todo poderoso ministro da Fazenda Delfim Neto. A diretoria, então, se empenhava no sentido de mobilizar a categoria para cobrar dos banqueiros o cumprimento das decisões judiciais e dos acordos sindicais.

Embora a diretoria percebesse que o clima político era tenso e que, a qualquer momento, poderia haver uma ação violenta por parte da ditadura, não se intimidava e prosseguia no trabalho de mobilização da categoria.

A diretoria não sabia que tudo estava sendo tramado, pelo regime, para reprimir o sagrado direito dos trabalhadores, de lutar pelas suas reivindicações. Tudo tramado. Tudo decidido no escuro, nos bastidores do regime que deixou o país na escuridão, durante vinte e um anos.

Eu estudava à noite, na Universidade Gama Filho, no curso de Letras (Português/Literatura) e naquele dia tinha que fazer uma prova, às 20h30m. Era uma prova de Língua Portuguesa.

Às 19h30m, quando me preparava para sair do sindicato, ouvi um reboliço. De repente, surgiu o delegado regional do trabalho, Luiz Carlos de Brito, de triste memória, à frente de vários agentes da Polícia Federal, fortemente armados.
- Onde está o presidente – indagou o delegado.
Eu me apresentei e perguntei o que estava havendo. Ele respondeu, de forma arrogante: - De ordem do senhor ministro do trabalho, este sindicato está sob intervenção.

- Qual o motivo da intervenção, senhor delegado? – perguntei. E ele respondeu: - vocês estão fazendo comunismo. Eu prontamente retruquei: - Não senhor, estamos fazendo sindicalismo.

Nada esclareceu e não aceitou explicações. Resultado: Não voltei para casa. Fiquei preso, junto com mais três companheiros, durante quarenta e seis dias.

É claro que nada de errado ficou provado. O processo armado pelo delegado e a Polícia Federal foi arquivado pela Segunda Auditoria da Marinha, que tinha como titular um juiz digno: Dr. Paulo Simões Correa.

Mas, esse dia fatídico, 17 de abril de 1972, nunca sairá da minha memória. Aquele fato foi perverso, marcando muito a minha existência, a da Maria José, dos filhos nascidos, das filhas que nasceram depois, de toda a família e de muitos amigos.

domingo, 12 de abril de 2020

SEMANA SANTA NO SERTÃO




SEMANA SANTA NO SERTÃO
                     Edmílson Martins
                     Abril de 2020

Num esforço de memória, desejo contar como era a Semana Santa, no meu tempo de infância e adolescência, décadas de 1940/1950, no Sítio Ipueira, sertão do Ceará, onde nasci e vivi até os quinze anos.

Como lá não havia templos, não havia celebrações da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas havia no povo um forte sentimento religioso, de forma que aquela semana era tratada com muito respeito e devoção.

Embora os conhecimentos dos Evangelhos fossem muito superficiais, todo mundo sabia, por tradicionais informações, que Jesus Cristo fora maltratado e morto na Cruz, porque pregara o amor e praticara o bem.

Diferentemente das celebrações nas cidades, onde havia templos, sacerdotes e estrutura eclesial, no sertão havia outro ritual para se celebrar a Semana Santa.

As relembranças começavam na quarta-feira, conhecida por Quarta-feira de Trevas. Ninguém sabia o porquê das trevas, mas se intuía que nesse dia da semana teria ocorrido com Jesus alguma coisa ruim.

Nesse dia, por respeito ao Nosso Senhor Jesus Cristo, já começava a abstenção de algumas coisas: os trabalhos deviam ser mais leves, evitava-se comer carnes e, havia pessoas que, talvez por superstição, não tomavam banho.

A partir da Quinta-feira Santa, até Domingo de Páscoa, não se trabalhava. Todo mundo ficava em casa (e não havia COVID 19). Quatro dias sem ir à roça, um feriadão.

 

Normalmente, se trabalhava de segunda sábado o dia inteiro, de sol a sol. Trabalho pesado e no sol. Na Semana Santa, Quinta, Sexta e Sábado santos eram dias de descanso, proporcionados pela graça da divindade de Jesus, conforme Mateus 11:28-30:28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. 29 Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. 30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.

 

Era, na verdade, um reencontro das famílias e amigos. Um verdadeiro ritual de confraternização, com diálogos e reflexões. Era o único momento do ano em que toda a família ficava junta durante quatro dias seguidos.
Naqueles dias da Semana Santa, embora se falasse em jejum, as refeições eram fartas. Quinta e Sexta-feira Santas eram dias de abstinência. Não se comia carne. Em minha casa, as refeições eram compostas de arroz com queijo, ou angu com leite, pratos que agradavam a todos. Sábado e domingo sempre tinha alguma carne. Geralmente, galinha ao molho pardo, com arroz ou angu e macarrão.

Essa fartura quase não havia durante o ano, somente na Semana Santa. A gente gostava muito daqueles dias, também por causa dessa fartura. Naquela Semana concretizava-se a Bem-aventurança dos que têm fome e sede de justiça.

Na Semana Santa, lá no sertão, não se levava em conta a paixão e a morte de Jesus, celebrava-se sempre as alegrias da ressureição. Era uma semana de descanso, de lazeres, de reencontro da família, com muita alegria.

Naqueles dias, além das atividades em comum, toda a família se reunia em torno da grande mesa de refeições, como na Última Ceia, para repartir e comer os alimentos da vida: o arroz com queijo; o angu com leite e, no sábado e domingo, o frango ao molho pardo, com angu, ou arroz e macarrão.






sexta-feira, 10 de abril de 2020

JOSÉ LUIZ - UM GUERREIRO NO CÉU












UM GUERREIRO NO CÉU
 (Homenagem a José Luiz de Oliveira)
                    Edmílson e Maria José (cunhado e irmã)
                     05/04/2020 - Domingo de Ramos

Quando Zé Luiz nasceu
Um arcanjo anunciou:
“Esse menino vai ser
De Jesus um seguidor
Incansável combatente
Do Exército do Senhor”.

O menino foi crescendo
Em corpo e sabedoria
Aprendendo e ensinando
Uma lição a cada dia
Escolheu ser mariano
Indo a Jesus por Maria.

Zé Luiz, o caminhante
Na busca de horizontes
Evitou levantar muros
Para só construir pontes
Bebeu água cristalina
Colhida em puras fontes.

José Luiz foi bancário
Foi do Banco do Brasil
Querido pelos colegas
Fez amigos, não fingiu
Foi bom profissional
Os seus deveres cumpriu.

Zé Luiz, pai de família
Em parceria de amor
Com a saudosa Derci
Sete bons filhos gerou
Derci foi chamada ao Céu
Zé Luiz continuou.

Hoje partiu para o Céu
Em viagem gloriosa
Recebido pelos anjos
Em festa muito honrosa
Acolhido por Jesus
De forma muito amorosa.

Viveu noventa e dois anos
Combatendo pelo bem
Participou do Exército
Do Menino de Belém
Resistiu, não desistiu
Fazendo o que a Deus convém.

Nascido em Barra Mansa
Em Barra Mansa viveu
Construiu muita amizade
E entre amigos cresceu
Ajudando a construir
O lugar em que nasceu.

Zé Luiz está no Céu
Entre nós sempre estará
Dando força para todos
Por sua vida exemplar
Pedindo à Trindade Santa

Que venha nos ajudar.