domingo, 22 de maio de 2016

E AGORA, MEU POVO?

















E AGORA, MEU POVO?
        Edmílson Martins
        12/05/2016

 (inspirado no poema “José”, de Carlos Drummond de Andrade).

E agora, meu povo?
afastaram a Dilma,
o Michel assumiu,
o circo passou,
o espetáculo acabou,
nada mudou.
E agora, meu povo?
E agora você?
que é ignorado,
que está desempregado,
que tanto trabalha
e ganha tão pouco.
E agora, meu povo?

Sem mulher no Planalto,
com um intruso no poder,
com o país dividido,
com governo ilegítimo,
sem dinheiro no bolso,
comprar já não pode,
o filho quer comida,
comida não tem,
quer ir pra escola,
escola não funciona,
você está sem saúde,
não pode se tratar,
você quer paz e sossego,
segurança não há,
e agora, meu povo?

E agora, meu povo?
sua esperança,
sua confiança,
sua aceitação,
Sua indignação,
Sua alegria,
Sua tristeza – e agora?
Foi tudo pro brejo?

Votou, cumpriu seu dever,
quer apelar ao governo,
não existe governo,
pra seus representantes,
mas todos o traíram,
quer pedir ajuda,
mas todos fugiram.
Meu povo, e agora?

Se você gritasse,
se você protestasse,
se você lutasse,
de forma organizada...
Mas você não luta,
você só espera, meu povo!

Sozinho, sem governo,
sem representantes,
pois todos traíram,
sem condições de sobreviver,
você só vegeta,
você marcha, meu povo!
Meu povo, para onde?

O remédio é lutar,
para reconquistar
a esperança perdida,
a liberdade usurpada
a dignidade ferida.
Reage, meu povo!



domingo, 8 de maio de 2016

JOVENS EM OCUPAÇÃO







JOVENS EM OCUPAÇÃO
Edmilson Martins
07/05/2016


Jovens ocupam escola
Pra escolar funcionar
Jovens ocupam escola
Porque querem estudar
Jovens ocupam escola
Porque estudo não há.


Jovens em ocupação
Contra sistema sisudo
Jovens em ocupação
Contra estes tempos bicudos
Jovens em ocupação
Porque desejam estudo.


São bons jovens estudantes
Vivendo a cidadania
Aprendendo com a prática
As lições de cada dia
Dando à sociedade
Aulas de pedagogia.


Esses jovens tão modestos
Que cursam a escola pública
Fazendo ocupações
Mandam recado à República
E cobram com veemência
Dos que exercem função pública.


São meninos e meninas
Que despertam para a luta
Mostrando à sociedade
Que a vida não é disputa
Só querem mostrar pra todos
Que jovem também labuta.


Na força da juventude
Vislumbramos a esperança
Pois na ancianidade
Só encontramos lambança
Pois as velhas estruturas
Só trazem beligerância.


Jovens ocupam escola
Estudantes tão na rua
E mandam recado claro
Em linguagem nua e crua:
Nós não aceitamos mais
Que a balela nos destrua.


Os velhos podres poderes
Que reduzem a Educação
Estão sendo contestados
Por jovens em invasão
Que rejeitam velhas práticas
Que só trazem sujeição.


Jovens em ocupação
Nos deixam mais animados
Porque o que preocupa
São jovens desocupados
Pois se tornam presas fáceis
De quem os quer dominados.


Os jovens são esperança
De um mundo mais gentil
Mais puro mais cheio de graça
Com presença juvenil
Sem a amargura e tristeza
Deste mundo tão senil.


sábado, 7 de maio de 2016

AS FLORES DO MEU QUINTAL








AS FLORES DO MEU QUINTAL
                      Edmílson Martins
                       Maio/2016

Hoje falei no quintal
Com as flores amarelas
De beleza sem igual
Tão mimosas e singelas.

Na conversa transparente
Disseram-me com franqueza
Nos entristece essa gente
Que maltrata a natureza.

São fiéis à natureza
Minhas flores amarelas
Abrem-se ao sol da manhã
Ficam viçosas e belas
Se fecham ao sol da tarde
E dormem como donzelas.

À noite sono profundo
Guardando puro seu ser
Pra alegrar as criaturas
A partir do amanhecer.

Flores lilases e brancas
De dia e noite acordadas
Com sua linguagem franca
Falaram muito zangadas.

Nós somos a minoria
E nos solidarizamos
Contra essa covardia
De muitos seres humanos.

Dia e noite vigilantes
Olhamos nosso jardim
Queremos todo instante
Mantê-lo bonito assim.


É nossa casa comum
Que precisamos cuidar
Não podemos não devemos
Da casa nos descuidar
Pois é o lugar comum
Onde devemos morar.

Essa a conversa que ouvi
Das flores do meu quintal
Que defenderam com força
Seu espaço natural
Que não aceitam ingerência
Em sua vida normal.