sexta-feira, 29 de abril de 2016

IMPEACHMENT : DOIS GRUPOS EM DISPUTA












IMPEACHMENT DA PRESIDENTE: DOIS GRUPOS EM DISPUTA

                   Edmílson Martins
                    29 de abril de 2016

Impeachment, meus amigos
Dispositivo legal
Está hoje sendo usado
Por um motivo banal
Por pessoas que desejam
O poder nacional.

São dois grupos disputando
As rédeas do poder
E o povo passando fome
No seu triste padecer
E multidões enganadas
Esperando acontecer.

Essa história de impeachment
Não é desejo do povo
O que nossa gente quer
É trabalhar sem estorvo
É viver livre e na paz
Num país tranquilo e novo.

Essa briga por poderes
De grupos gananciosos
Só prejudica o país
Deixa todos ansiosos
Alimentando vaidade
De grupos falaciosos.

Esses grupos em litígio
Querendo podres poderes
Envergonham nossa pátria
Com os seus podres quereres
Numa disputa safada
Para seus próprios prazeres.


Em Brasília votações
E espetáculo demente
Com um total desrespeito
Ao povo inteligente
E abuso da paciência
E tolerância da gente.

Andando cambaleante
O país estremecido
Quase sem saber por quê
Encontra-se dividido
Com irmão contra irmão
Numa briga sem sentido.

Nosso povo brasileiro
Gente pacata e capaz
Não quer tanta confusão
Deseja viver em paz
E ter vida sossegada
Com justiça e tudo mais.

O Brasil é do seu povo
Não de grupos ou partidos
Não é um bolo gigante
Para poucos dividido
É uma casa comum
Onde todos são acolhidos.

Que nosso povo ordeiro
Nunca se deixe enganar
Pelas manhas e trapaças
Dos que só querem mandar
Daqueles que não têm ética
No modo de governar.

O povo tem que acordar
Tem que assumir seu destino
Não pode ser conduzido
Por políticos ladinos
Que pelos seus interesses
Só cometem desatinos.

sábado, 23 de abril de 2016

JOAQUIM, MAIS UM IRMÃO NO CÉU


















JOAQUIM, MAIS UM IRMÃO NO CÉU.
                           Edmílson Martins
                           23/04/2016

Partiu Joaquim, meu irmão
Em viagem para a Glória
Foi encontrar os amigos
Parte da sua História
Foi celebrar com os santos
A sua linda vitória.

Era o segundo mais velho
Dos nossos dezoito irmãos
Com ele muito aprendi
Na vida lá do sertão
Convivemos muitos anos
Plantando milho e feijão.

No meu tempo de criança
Joaquim, além de irmão
Funcionava também
Como se fosse paizão
E quando ele falava
Dava-lhe muita atenção.

Por aqui peregrinou
Viveu com intensidade
Cativou muitos amigos
Cultivou muita amizade
Tratando todos e tudo
Com muita sobriedade.

Joaquim viveu na Terra
Belos noventa e um anos
Cumpriu bem sua missão
Com fibra sem desenganos
Construiu sua família
Com os valores humanos.

Hoje se encontra no Céu
Na sua nova morada
Orando por todos nós,
Que estamos na caminhada,
Pedindo a Deus para todos
A vida plena almejada.

VOTAÇÃO PELO IMPEACHMENT: DESFILE DE MEDIOCRIDADES


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VOTAÇÃO PELO IMPEACHMENT: DESFILE DE MEDIOCRIDADES
                                                Edmílson e Maria José
                                                19/04/2016
A votação nominal na Câmara dos Deputados, no dia 17 de abril de 2016, pela admissibilidade do processo de impeachment da presidente da República, foi providencial. Os planos de Deus são perfeitos. Providenciou aquela votação para que o povo brasileiro conhecesse o baixo nível político, ético e moral da maioria dos deputados.
Na manifestação de cada um dos 511 parlamentares votantes ficou bem claro o despreparo, a incompetência, a fragilidade e a leviandade da maioria dos que votaram a favor do impedimento da presidente. Foi um desfile de mediocridades. O povo brasileiro não merece aquilo.
Também ficou bem claro que a maioria daqueles senhores não tem capacidade, nem integridade para decidir sobre um assunto tão complexo, tão grave e responsável, que é o impeachment da presidente da República, legitimamente conduzida ao cargo pelo voto do povo.
Quem assistiu àquela votação e aquelas manifestações de opinião ficou surpreso e indignado. Mesmo já decepcionado com a política, não esperava tanta baixeza. Agressões, provocações, manifestações de desprezo, ódio, desrespeito e até com ameaças de agressões físicas houve durante as várias horas da votação.
De qualquer maneira, aquelas manifestações lamentáveis e o lamentável e inoportuno processo de impeachment, que dividem e desunem cada vez mais a sociedade, com graves prejuízos para todo povo, principalmente, para a parcela mais sacrificada da população, podem servir de lição e alerta para que nosso povo tenha mais cuidado na escolha de seus representantes.
Já nas eleições de 2016, para prefeitos e vereadores, tenhamos mais cuidado, verificando atentamente o currículo dos candidatos, seu comportamento, sua prática política. É preciso examinar com cuidado que interesses regem a sua disposição de ocupar um cargo público. Só votemos em candidatos éticos, com vida moral sadia e que seja comprometido com o bem comum.

PRAÇA QUINZE E ANOS DE CHUMBO





 

Encaminhamos esse texto sobre uma das nossas experiências na época da ditadura. É uma lembrança histórica e um alerta para as novas gerações.
Rogamos a Deus que momentos como aquele, jamais aconteçam em nosso país. É melhor a democracia com todos os seus problemas do que a ditadura, que golpeia as liberdades com suas perversões.
Abraços
Edmílson e Maria José

PRAÇA QUINZE E ANOS DE CHUMBO
(por Edmílson Martins)

Estávamos presos em cubículos da Polícia Federal na Praça Quinze de Novembro. Eu e os saudosos Roberto Martins, Antônio Imbiriba da Rocha e Victoriano José Xerez. Fomos encarcerados pela ditadura militar, instrumento do império econômico reinante na América Latina e em várias partes do mundo. Roberto e Imbiriba eram marxistas e eu, cristão. Juntos defendíamos os mesmos ideais de liberdade e de defesa da dignidade humana.
Fomos punidos por sermos dirigentes sindicais e defensores das liberdades democráticas. Logo ali na Praça Quinze de Novembro, que tem esse nome em homenagem à proclamação da República, que, em 1889, livrou o Brasil do regime imperial, que infelizmente mudou apenas de corpo. A alma, na República, continuou a mesma: Autoritária e repressora.
Transcorria o mês de abril de 1972. O outono estava começando, o tempo frio estava chegando, aquecido pelo calor da mobilização sindical que promovíamos, quando, no dia 17, a ditadura e os banqueiros, mandaram a Polícia Federal invadir o Sindicato dos Bancários e nos prender.
Ficamos privados da liberdade, por ironia, quatro dias antes da comemoração do dia de Tiradentes: “Libertas quae será tamen”. Encarcerados bem próximo do Palácio Tiradentes, onde o líder da Inconfidência Mineira esteve preso por três anos, antes de ser enforcado. “Quem não presta fica vivo, quem é bom, mandam matar”, disse Cecília Meireles.
Foram 46 dias de privações. Mas os opressores podem tirar a liberdade física, nunca a liberdade interior. Tínhamos consciência do nosso papel na História. Por isso não nos curvamos, nem nos deixamos abater. O Roberto falava: “Eles querem nos quebrar por dentro. Não vamos permitir”.
Convivemos com outros presos políticos, com traficantes e viciados em droga e até contrabandistas. A maioria dos que lá estavam era composta por jovens. Alguns viciados, alguns assaltantes de bancos e estudantes idealistas, presos por participarem do movimento estudantil.
Todos ali éramos vítimas do perverso sistema econômico e militar vigente. Jesus Cristo já condenava os líderes, que sustentavam um sistema formalista e hipócrita, que exerce o controle ideológico sobre o povo, impedindo-o de ver as possibilidades de transformação, levando-o à perversão. “Ai de vocês, doutores da Lei e fariseus hipócritas! Vocês fecham o Reino do Céu para os homens. Nem vocês entram, nem deixam entrar aqueles que desejam”.
Entendíamos que devíamos dialogar com todos os companheiros de sela, fossem quem fossem. Até aprofundávamos alguns assuntos sobre o viver humano. O Imbiriba, com muito jeito e paciência, ensinava o jogo de xadrez a alguns daqueles jovens. Junto com eles, eu, que não sabia xadrez, acabei aprendendo.
Líamos muito, de forma que até despertávamos interesse nas pessoas. Em poucos dias, a sela tornou-se um ambiente de leitura. Todos liam romances, crônicas, contos, a Bíblia, etc.
Não era qualquer livro que podia entrar na prisão. Todos passavam por rigorosa censura dos policiais. Autores tipo Jorge Amado, Graciliano Ramos, D.Helder Câmara, Alceu de Amoroso Lima não entravam. Eram considerados comunistas e subversivos. Mas deixavam entrar a Bíblia, talvez, o livro mais subversivo da História, levada pela Maria José, minha esposa.
Há texto mais subversivo do que este proferido por Jesus, conforme o Evangelho de Lucas?: “O Espírito do Senhor me enviou para anunciar a Boa Nova aos pobres; para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos.” Ou este texto, conforme o Evangelho de Mateus?: “Felizes os aflitos porque serão consolados. Felizes os pobres porque deles é o Reino do Céu. Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu. Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus”.
Não há livro mais subversivo do que o “Êxodo”, um dos cinco primeiros livros da Bíblia, que narra a libertação do povo hebreu da escravidão do Egito e a trajetória pelo deserto rumo à Terra Prometida. Se fazer
subversão é lutar contra sistemas arrogantes e estabelecidos, Moisés, Aarão, Josué, Javé (Deus) foram grandes subversivos.
Através da leitura da Bíblia, conversávamos sobre a questão da liberdade, da justiça e da vida. Todos ficavam encantados com as leituras e reflexões. E não era pra menos, pois quem está preso só pensa em alcançar a liberdade. Esses textos e troca de ideias apontavam para a esperança.
Quando saímos da prisão, os que ficaram demonstravam alegria pela nossa libertação e, ao mesmo tempo , tristeza pela nossa saída. Alguns pediram para deixarmos a Bíblia e outros livros.
Aquela experiência de 46 dias no cárcere, convivendo com variados tipos de pessoas e variados modos de ver e viver a vida, nos trouxe muitas lições, aprendizagem e conclusões.
Todos éramos vítimas de um sistema social perverso, que cria todas as condições para que as pessoas pratiquem ações criminosas para depois prendê-las condená-las e matá-las, reprimindo também, com prisões, condenações e mortes, aqueles que lutam contra essas condições perversas.
Nós éramos presos políticos, por combatermos o sistema que ainda hoje leva à criminalidade muitas pessoas como aquelas que conosco estavam presas por causa de ações criminosas.
Aprendemos que em qualquer ambiente e circunstância podemos ser livres e contribuir para tornar as pessoas e a sociedade melhores; que as vítimas da perseguição e de toda injustiça, sempre percebem sinais de esperança em meio às tribulações.
Para nós, o que valia ali, naquele ambiente de situações adversas era manter o ânimo e vencer o cansaço, traduzindo o sonho por um mundo melhor em gestos concretos de transformação dos corações e da realidade. Tudo isso, sem medo. “Não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma”, disse Jesus Cristo.