quinta-feira, 27 de junho de 2013

RETROSPECTIVA



RETROSPECTIVA
Por Edmílson Martins
26/06/2013

Na década de sessenta
Lá do século passado
O nosso povo sedento
Queria ser bem tratado
Nos campos e nas cidades
Com muita seriedade
Procurou se organizar
E criou associações
E promoveu discussões
Pra luta se preparar.

Mantendo sempre a esperança
O povo fez mutirão
Buscando paz e bonança
Querendo libertação
Questionando sistemas
Com os seus estratagemas
As mudanças exigiu
E foi apontando as saídas
Das mudanças exigidas
E firme não transigiu.

Caminhando com destreza
O povo queria ter
Uma vida sem tristeza
Feliz como deve ser
Seguindo a bela canção
Cantando sempre o refrão:
Oh gente vamos embora
Não se espera acontecer
É preciso combater
Pois quem sabe faz a hora.

Mas o golpe militar
Pra servir ao capital
Procurou desbaratar
Um movimento normal
Reprimiu com violência
Prendeu, matou sem clemência
Suprimindo as liberdades
Impedindo o crescimento
Ferindo bons sentimentos
Com muitas atrocidades.

Um toque de recolher
Impuseram à nação
Para o povo esmorecer
Trataram-no como cão
Um toque pernicioso
Com barulho tenebroso
A voz do povo baixava
Com a covardia armada
E nação silenciada
Povo só cantarolava.

Mas mesmo silenciado
O povo não se calou
Mesmo falando de lado
Ele não se acomodou
Tropeçou, mas não caiu
Andou firme, resistiu
Mesmo com dificuldade
O povo seguiu cantando
Com insistência lutando
Pra conquistar liberdade.

Vinte e um anos se passaram
Pra voltar democracia
Mas a que negociaram
E não a que o povo queria
Ele só queria ser
E fazer por merecer
Em sua vida mandar
Não precisava de esmola
Queria trabalho e escola
Condições pra trabalhar.


Governos pós-ditadura
Juntaram-se aos poderosos
Sem ética e sem lisura
Fizeram pactos danosos
Aliando-se a canalhas
Distribuíram migalhas
Pra enganar povo carente
Considerado manada
Tratado como boiada
Como se não fosse gente.

Um povo tratado assim
Sente-se violentado
Achando muito ruim
Ser sempre manipulado.
Mágoas acumuladas
Dentro do peito trancadas
Explodem em profusão
Pois na panela esquecendo-se
Água fechada fervendo
Acontece uma explosão.

Está aí o povo nas ruas
Mostrando insatisfação
É verdade nua e crua
Não tem outra explicação
Todos reclamam urgentes
Ser tratados como gente
Com respeito e dignidade
Não dá mais pra segurar
Tudo vai ter que mudar
Chegou a hora da verdade.

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