segunda-feira, 21 de novembro de 2011

JOSÉ RAYMUNDO DA SILVA

A VINDA, A CAMINHADA E A CHEGADA

(Por Edmílson Martins)

José Raymundo da Silva, companheiro bancário, esteve em missão aqui na terra durante 86 anos e nove meses. Nasceu em São José do Egito, agreste pernambucano. Filho de pais pobres, veio para o nosso planeta, como todo ser humano, a serviço da liberdade e da vida. Por isso, lutou pelo direito de todos a uma vida digna, sendo intransigente defensor da Justiça e da Paz.
Cumpriu intensamente sua tarefa missionária. Foi sindicalista, político, dirigente sindical e partidário. Constituiu uma linda família e junto com ela trabalhou na construção da sociedade livre e democrática. Nessa luta, como diz uma música muito cantada na Igreja, “semeou consciência nos caminhos do povo; enfrentou tramas e prepotência dos que temem o novo; quebrou as algemas, recusou laços e esquemas; foi além das fronteiras, espalhou boa-nova”; resistiu às grandes tribulações. Foi preso político e torturado algumas vezes. Alguns anos viveu na clandestinidade, outros, fora de sua pátria. Mas, teimoso na esperança, nunca desistiu da luta pelas liberdades. Combateu o bom combate, completou a corrida e partiu. Foi ver outras paisagens e receber a coroa da glória, deixando saudades, amizades e história, levando muita bagagem. Foi encontrar muitos companheiros que por aqui passaram e deixaram sua marca nas lutas de libertação.
Ao contrário da composição “A triste partida”, de Patativa do Assaré e Luiz Gonzaga, em que uma família nordestina parte com tristeza para São Paulo, “pra viver ou morrer”, o Zé Raymundo partiu com alegria, porque, ao contrário da música de Chico Buarque (“O velho”), nada foi escrito em vão, nunca se escondeu, sempre se comprometeu e nunca se guardou do carnaval, da brincadeira. Partiu para outro mundo para viver uma vida plena e eterna.
Vejo o Zé chegando ao Céu para iniciar nova vida:
- Bom dia, companheiro Pedro.
- Bom dia, Zé (com afetuoso abraço), seja bem-vindo!
- Companheiro Pedro, eu sou bancário e líder sindical - quis explicar-se o Zé.
- Eu sei Zé, entra, o pessoal tá te esperando.
- Mas eu sou comunista e me disseram que comunista não entra no Céu!
- Esquece isso, Zé, entra logo rapaz, os companheiros estão à tua espera.
O Zé Raymundo entrou e deparou-se com uma grande multidão com vestes brancas, reunida em assembleia, declarada permanente, sem dirigentes nem dirigidos. Todos estavam irmanados num só coração, buscando formas de ajudar a humanidade a encontrar soluções para os graves problemas que lhe atingem. O Zé foi saudado com uma grande salva de palmas. Os companheiros mais chegados foram abraçá-lo. Entre eles estavam: Aluízio Palhano, José Toledo, Olympio de Melo, Campbel, Pereirinha, José Rodrigues, Roberto Martins, Imbiriba (bancários), Luiz Maranhão, D. Helder, Alceu de Amoroso Lima, Prestes, etc. E na grande assembleia, o Zé pôde ver o Gandhi, Luther King, Che Guevara, Lenine, Marx, João XXIII, Paulo VI e muitas outras pessoas de boa vontade que aqui lutaram pelas liberdades. No meio da multidão, reverenciado por todos e muito atento, estava Jesus Cristo, já sem as marcas das terríveis torturas sofridas na crucificação.
Convidado a falar, o Zé Raymundo fez um relato sobre a situação do nosso planeta, mostrando os estragos provocados pela ganância, avidez de lucro, riqueza e poder do dragão da maldade. Lembrou o que o companheiro João falou no seu Apocalipse: “É tempo de destruir os sistemas que destroem a terra”. E referiu-se ainda ao que Maria, mãe de Jesus (presente na assembleia), falou no Hino “Magnificat”: “O Senhor, com a força do seu braço, derruba os poderosos e eleva os humildes, sacia de bens os famintos e despede os ricos de mãos vazias”. No relato, propôs iniciativas para ajudar as pessoas de boa vontade a construírem a sociedade livre, justa e democrática e a derrotarem os perversos sistemas que destroem a terra.
Os oradores sucederam-se, apresentando as boas-vindas ao Zé, apoiando efusivamente as propostas por ele apresentadas. E Jesus dirigindo-se a ele, disse: “companheiro, você é um dos bem-aventurados, porque tem fome e sede de justiça, porque lutou pela paz e foi perseguido por causa da luta pela liberdade. Seja bem-vindo”.
O José Raymundo está Lá, junto dos bons companheiros, que nos inspiram com seus exemplos e nos dão força para continuarmos na luta até a vitória final contra a Besta do Apocalipse que, com sua propaganda ideológica, sustenta poderes absolutos.
O Neoliberalismo (a Besta) a serviço do capitalismo (o Dragão), hoje, apresenta o mal com aparência de bem para levar as pessoas a aceitarem os sistemas políticos desumanos. A Besta tenta controlar a ação e o pensamento da humanidade, com a manipulação.
Foi desses problemas que o José Raymundo falou, com muita veemência, à grande multidão de companheiros naquela assembleia permanente, pedindo solidariedade para com todos os povos da Terra, pela salvação do Planeta.
Rio, outubro de 2011

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