PRESENTE, PASSADO, FUTURO
Edmílson Martins
Setembro /2016
Andando angustiado
Com o momento presente
Procurei um grande amigo
Sábio, Mestre e experiente
Pra conversar sobre o mundo
Que se encontra doente.
Então eu disse a Jesus:
“Como é bom encontrar-te!
Aqui as coisas estão pretas
Eu precisava contar.
O povo anda cansado
Triste de tanto esperar”.
Ele logo respondeu:
“Estou aqui pra escutar
Conte tudo, nada esconda
E pode desabafar
Você está indignado
É muito bom não calar”.
Eu prontamente falei:
“Mestre, o povo está descrente
Dos governantes corruptos
Que enganam toda gente
Dos representantes falsos
Que se tornam delinquentes.
Há também falsos profetas
Que em teu nome falando
Fingem que servem ao povo
Porém, estão enganando
Em vez de evangelizar
Acabam alienando.
Esses falsos dirigentes
Servindo a podres poderes
Enfraquecem nossa gente
Pensando em seus haveres
Mantêm sistemas perversos
Para seus próprios prazeres.
Na caminhada do povo
Nos rumos da liberdade
Houve muitas traições
Enganações e maldade
De gente que se aliou
A grupos sem lealdade.
Para ficar no governo
Fazem acordos safados
E golpes indecorosos
Com modos despudorados
Para manter privilégios
De grupos degenerados.
Anos e anos de luta
Tentando a libertação
Trazem cansaço e desânimo
Por não se ver solução
Só se vê forças do mal
Ganhando muita expansão”.
O Mestre ouvindo atento
Todo aquele desabafo
Falou com entusiasmo
Bem claro, sem embaraço
Relembrando com clareza
Sua luta sem fracasso.
E disse: “veja, rapaz
Passei por esses problemas
Na Judeia e na Galileia
Também tinha estratagemas
Doutores da Lei e Sinédrio
Com tenebrosos esquemas.
De outro lado enfrentei
Povo bem alienado
Cheio de falsas esperanças
Muito mal acostumado
Vítima de maus políticos
Que o mantinham enganado.
Mas eu cheguei com projeto
Feito para libertar
Encontrei oposição
Dos que não querem mudar
E enfrentei prepotência
Dos que querem dominar.
Já no deserto, Satã
Tentando me cooptar
Com as propostas espúrias
Quis logo me desviar
Do Projeto de Justiça
Que eu vim anunciar.
Eu, na minha caminhada
Pregando o Reino de Deus,
Fui tentado muitas vezes
Pelos falsos fariseus
Que quiseram me adaptar
Aos ruins caprichos seus.
Porém, andei pelas vilas
Para mostrar as saídas
Com brandura, acendi luzes
Para as ovelhas perdidas
E quebrei muitas algemas
Libertando para a vida.
Procurei aliar-me sim
Aos que têm boa vontade
Àqueles cujo projeto
Objetiva a liberdade
Pois alianças só valem
Se há justiça e bondade.
Eu semeei consciência
Na caminhada do povo
Enfrentei opressão e tramas
Dos que têm medo do novo
Mas busquei forças no Pai
Para superar o estorvo.
Já faz mais de dois mil anos
E a luta não terminou
A trajetória foi dura
Com muita alegria e dor
Mas sempre com a certeza
De que vencerá o amor.
Quebrando esquema de rimas
Repito Chico Buarque:
“Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio”.
E Gandhi, pra relembrar
As palavras pra pensar:
“Primeiro nos ignoram
Depois, nos ridicularizam
Na luta nos combatem
E por fim nós vencemos”.
Então concluiu o Mestre:
“Não se deixe amedrontar
Mantenha sempre a certeza
De que a paz triunfará
O Reino de Deus chegou
Está aqui para ficar.”