quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ARMAÇÃO ( CORDEL)

Edmílson Martins


O Terror na favela
Mancha cidade bela.
A Polícia mata
Bandido, morador
E causa muita dor,
Ostentando bravata.

Ouvir tanta besteira
Me deu até tonteira.
Falou governador
Ao bom povo sofrido,
Entre gritos, gemidos,
Semeando pavor.

Ligo televisão,
Deus! Que perdição!
Vejo jovens armados,
Soldados atirando,
Muita gente chorando
Por jovens mal amados.

Diz o governador,
Sem humano calor:
“Estão desesperados,
Eles estão perdidos”,
Mas o povo oprimido
Está bem magoado.

No Rio de Janeiro
Pavor e desespero.
Muita desilusão.
O povo já descrente,
Pensa na sua mente:
“Errei na votação”.

Governo e polícia
Ostentam com malícia
Poder de repressão,
Escondem indescência
E cúmplice abrangência
Nessa situação.

Um cinismo geral,
Gesto neoliberal
Contagia governos,
Que em nome dos lucros
Deixam todos malucos
E os pobres enfermos.

Invasão de favela
É tremenda balela.
Não resolve problemas,
Esconde armações,
Ajuda tubarões,
seus estratagemas.

Prendem pequenos peixes.
Os grandes, dizem, deixem.
São nossos aliados,
Nos garantem poder,
Não podemos perder,
Seremos abonados.

Meninos iludidos
Por sistema falido
Entram na armação
E são exterminados,
Tachados de malvados
Pelo tal tubarão.

Nossa sociedade,
Mostrando dignidade,
Deve questionar
Essa situação
E com indignação
Protestar e lutar.

Povo quer solução,
Não a intervenção,
Moradia decente,
Educação, trabalho
Hospital, bom salário,
Tratamento de gente.