Edmílson Martins
O Terror na favela
Mancha cidade bela.
A Polícia mata
Bandido, morador
E causa muita dor,
Ostentando bravata.
Ouvir tanta besteira
Me deu até tonteira.
Falou governador
Ao bom povo sofrido,
Entre gritos, gemidos,
Semeando pavor.
Ligo televisão,
Deus! Que perdição!
Vejo jovens armados,
Soldados atirando,
Muita gente chorando
Por jovens mal amados.
Diz o governador,
Sem humano calor:
“Estão desesperados,
Eles estão perdidos”,
Mas o povo oprimido
Está bem magoado.
No Rio de Janeiro
Pavor e desespero.
Muita desilusão.
O povo já descrente,
Pensa na sua mente:
“Errei na votação”.
Governo e polícia
Ostentam com malícia
Poder de repressão,
Escondem indescência
E cúmplice abrangência
Nessa situação.
Um cinismo geral,
Gesto neoliberal
Contagia governos,
Que em nome dos lucros
Deixam todos malucos
E os pobres enfermos.
Invasão de favela
É tremenda balela.
Não resolve problemas,
Esconde armações,
Ajuda tubarões,
seus estratagemas.
Prendem pequenos peixes.
Os grandes, dizem, deixem.
São nossos aliados,
Nos garantem poder,
Não podemos perder,
Seremos abonados.
Meninos iludidos
Por sistema falido
Entram na armação
E são exterminados,
Tachados de malvados
Pelo tal tubarão.
Nossa sociedade,
Mostrando dignidade,
Deve questionar
Essa situação
E com indignação
Protestar e lutar.
Povo quer solução,
Não a intervenção,
Moradia decente,
Educação, trabalho
Hospital, bom salário,
Tratamento de gente.
" Fiz a escalada da montanha da vida removendo pedras e plantando flores". (Cora Coralina)
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
domingo, 24 de outubro de 2010
CORDEL DO RIO DE JANEIRO
Edmilson Martins
Outubro/2009
O meu Rio de Janeiro,
Sempre belo, altaneiro,
Cheio dos encantos mil,
Hoje tão desfigurado,
Tão ferido, alvejado
Por drogas, bala fuzil.
Jesus Cristo Redentor,
Sangrando. Cheio de dor,
Do alto do Corcovado,
Com braços chama atenção,
Apela pro coração
E se mostra amargurado.
Não basta a gente da rua?
Com vida nua e crua?
Agora essa tragédia
Trazida por marginais,
Coisa de satanás
Quadro triste, não comédia.
Hoje morro de saudade
Daquela bela cidade
Desta região sudeste,
Pacata, não violenta
Que encontrei em sessenta
Chegando lá do Nordeste.
As nossas autoridades
Sempre cheias de vaidades
Falam cínicas, arrogantes:
Tomaremos providências
Não queremos violências
Não seremos tolerantes.
Mas o tempo tá passando,
Nosso povo tá cansando
E ninguém aguenta mais.
Prefeito, governador,
Lula, seja lá quem for,
Façam algo pela paz.
Jogos olímpicos sim,
Não com a cidade assim.
Queremos cidade terna
Com gente feliz, sorrindo
Chegando, depois saindo,
Sem vê nenhuma baderna.
Este Rio de Janeiro
E também de fevereiro
Queremos sempre bonito
Sem tiro, bala perdida,
Sem gente por cão mordida,
Sempre cantando, bendito.
Que o Cristo Redentor,
Com seu braço protetor
Abençoe o nosso povo,
Cesse essa guerra insana
E atitude que engana.
Queremos um país novo.
Outubro/2009
O meu Rio de Janeiro,
Sempre belo, altaneiro,
Cheio dos encantos mil,
Hoje tão desfigurado,
Tão ferido, alvejado
Por drogas, bala fuzil.
Jesus Cristo Redentor,
Sangrando. Cheio de dor,
Do alto do Corcovado,
Com braços chama atenção,
Apela pro coração
E se mostra amargurado.
Não basta a gente da rua?
Com vida nua e crua?
Agora essa tragédia
Trazida por marginais,
Coisa de satanás
Quadro triste, não comédia.
Hoje morro de saudade
Daquela bela cidade
Desta região sudeste,
Pacata, não violenta
Que encontrei em sessenta
Chegando lá do Nordeste.
As nossas autoridades
Sempre cheias de vaidades
Falam cínicas, arrogantes:
Tomaremos providências
Não queremos violências
Não seremos tolerantes.
Mas o tempo tá passando,
Nosso povo tá cansando
E ninguém aguenta mais.
Prefeito, governador,
Lula, seja lá quem for,
Façam algo pela paz.
Jogos olímpicos sim,
Não com a cidade assim.
Queremos cidade terna
Com gente feliz, sorrindo
Chegando, depois saindo,
Sem vê nenhuma baderna.
Este Rio de Janeiro
E também de fevereiro
Queremos sempre bonito
Sem tiro, bala perdida,
Sem gente por cão mordida,
Sempre cantando, bendito.
Que o Cristo Redentor,
Com seu braço protetor
Abençoe o nosso povo,
Cesse essa guerra insana
E atitude que engana.
Queremos um país novo.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
MENINOS, EU VI
Edmílson Martins de Oliveira
O título deste texto lembra o velho timbira do poema "I- Juca-Pirama", de Gonçalves Dias, em que o velho timbira , às noites nas tabas, reúne os jovens da tribo para contar as histórias dos seus antepassados, lembrando a bravura e a dignidade de guerreiros da tribo Tupy. "Se alguém duvidava do que ele contava, dizia prudente: - “meninos, eu vi".
Pois bern, lembrando o velho timbira, meninos, eu vi urn programa fantástico, que nestes tempos de mediocridades e desrespeito às pessoas humanas, valoriza o povo e a cultura popular. Tern o título de "Politica com Arte" e é apresentado todos os domingos, de 11 às 13 horas, pelo competente ator, comunicador e vereador Stepan Nercessian, na Rádio Carioca AM 710.
Justificando o título do programa, ele leva, todos os domingos, políticos
comprometidos com o povo e artistas da música popular brasileira, tentando valorizar a nossa cultura , tão desprezada pelas autoridades govemamentais.
No dia 8 de janeiro deste ano, meninos, eu vi e ouvi ao vivo esse programa. Eu estava lá, acompanhado da Maria José, convidado pelo meu amigo, jomalista e escritor, Ivan Alves Filho, urn dos organizadores do programa, para falar do livro que escrevi, intitulado "BANCÁRI0S - ANOS DE RESISTÊNCIA (1964-1979), que trata da resistência à ditadura militar.
Eu estava lá para dizer que vi, nos primeiros anos da década de 1960, o povo se organizando e avançando na luta pela conquista da sociedade democrática; que vi o golpe militar de 1964, contra o povo brasileiro, sufocando os anseios de liberdade e de justiça; que vi serem sufocadas as liberdades democráticas, a cultura e quase tudo o que o povo precisa para a sua felicidade. Mas vi, também, os trabalhadores nas ruas, tentando reagir contra o golpe. Vi os tanques apontarem os canhões contra o povo, para liquidar qualquer tentativa de reação. Vi jovens, dedicados à luta pela democracia, desesperados, optando pela luta armada, sem perceberem que estavam optando pelo suicídio e fortalecendo a ditadura. Vi pessoas de born senso, pensando e optando pela resistência pacífica, inteligente e duradoura, mesmo enfrentando incompreensões, perseguições, prisões e torturas. Vi o povo resistindo, com indignação e sabedoria. Vi mulheres participando da resistência à ditadura, com muita dignidade e bravura. Vi, naquele momento, em que "minha gente andava falando de lado e olhando pro chão", como disse Chico Buarque, movimentos de solidariedade aos que eram presos por lutarem contra a opressão.
Voltando ao Programa do Stepan, quero dizer que vi uma coisa fantáistica. Meninos, aquilo valeu ir ao Centro da cidade, num domingo de sol, às 11 horas da manhã. Depois da minha entrevista e da brilhante entrevista do dep. estadual Paulo Pinheiro, Meninos, eu vi MILTINHO (Milton Santos de Almeida), urn fenômeno da Música Popular Brasileira dos anos 1960. Estava ele lá, bem conservado, bigodinho aparado, agora bem branquinho. Apesar dos 78 anos de idade, com muito vigor e bem-humorado, de bem com a vida. A voz
anasalada, o ritmo contagiante, a música de boa qualidade lembraram os anos de chumbo da ditadura, quando sua voz e seus sucessos amenizavam urn pouco as tristezas por causa da opressão política. Vi o Miltinho falando dos seus grandes sucessos e grandes parceiros como, Luiz Antônio, Ataulfo Alves, Ary Barroso, Jair Amorim, etc. Vi o Miltinho cantando "Eu e o Rio (de Luiz Antonio):" Rio, caminho que anda/ e vai resmungando talvez uma dor/ ah!
quanta pedra levaste / outra pedra deixaste/ sem vida e amor /Vens lá do alto da serra/o ventre da terra rasgando sem dó/ Eu também venho do amor / com o peito rasgado de dor e tão só...". A emoção tomou conta do Studio da Radio Carioca. Todos pararam para escutar Miltinho.
Finalmente, vi o Miltinho, cheio de vontade de cantar, trabalhar, expressar a cultura do povo, amargurado por não ter mais espaço na mídia, hoje dominada pela mediocridade e pelos "jabás". A ditadura sufocou a cultura popular e os govemos que vieram depois tratam-na com desprezo, desrespeitando a dignidade do povo brasileiro. Urn povo perde a liberdade, quando perde a sua cultura. 0 Império Romano dominou a Grécia pelas armas, mas foi dominado pela cultura dos gregos. Como disse Jesus, quando tentado no deserto,"Nem só de pão vive o homem".
Enfim, parafraseando o velho Timbira do poema, se alguém duvidar do que estou contando, eu torno prudente: meninos, eu vi.
Edmílson Martins de Oliveira
Janeiro de 2006
O título deste texto lembra o velho timbira do poema "I- Juca-Pirama", de Gonçalves Dias, em que o velho timbira , às noites nas tabas, reúne os jovens da tribo para contar as histórias dos seus antepassados, lembrando a bravura e a dignidade de guerreiros da tribo Tupy. "Se alguém duvidava do que ele contava, dizia prudente: - “meninos, eu vi".
Pois bern, lembrando o velho timbira, meninos, eu vi urn programa fantástico, que nestes tempos de mediocridades e desrespeito às pessoas humanas, valoriza o povo e a cultura popular. Tern o título de "Politica com Arte" e é apresentado todos os domingos, de 11 às 13 horas, pelo competente ator, comunicador e vereador Stepan Nercessian, na Rádio Carioca AM 710.
Justificando o título do programa, ele leva, todos os domingos, políticos
comprometidos com o povo e artistas da música popular brasileira, tentando valorizar a nossa cultura , tão desprezada pelas autoridades govemamentais.
No dia 8 de janeiro deste ano, meninos, eu vi e ouvi ao vivo esse programa. Eu estava lá, acompanhado da Maria José, convidado pelo meu amigo, jomalista e escritor, Ivan Alves Filho, urn dos organizadores do programa, para falar do livro que escrevi, intitulado "BANCÁRI0S - ANOS DE RESISTÊNCIA (1964-1979), que trata da resistência à ditadura militar.
Eu estava lá para dizer que vi, nos primeiros anos da década de 1960, o povo se organizando e avançando na luta pela conquista da sociedade democrática; que vi o golpe militar de 1964, contra o povo brasileiro, sufocando os anseios de liberdade e de justiça; que vi serem sufocadas as liberdades democráticas, a cultura e quase tudo o que o povo precisa para a sua felicidade. Mas vi, também, os trabalhadores nas ruas, tentando reagir contra o golpe. Vi os tanques apontarem os canhões contra o povo, para liquidar qualquer tentativa de reação. Vi jovens, dedicados à luta pela democracia, desesperados, optando pela luta armada, sem perceberem que estavam optando pelo suicídio e fortalecendo a ditadura. Vi pessoas de born senso, pensando e optando pela resistência pacífica, inteligente e duradoura, mesmo enfrentando incompreensões, perseguições, prisões e torturas. Vi o povo resistindo, com indignação e sabedoria. Vi mulheres participando da resistência à ditadura, com muita dignidade e bravura. Vi, naquele momento, em que "minha gente andava falando de lado e olhando pro chão", como disse Chico Buarque, movimentos de solidariedade aos que eram presos por lutarem contra a opressão.
Voltando ao Programa do Stepan, quero dizer que vi uma coisa fantáistica. Meninos, aquilo valeu ir ao Centro da cidade, num domingo de sol, às 11 horas da manhã. Depois da minha entrevista e da brilhante entrevista do dep. estadual Paulo Pinheiro, Meninos, eu vi MILTINHO (Milton Santos de Almeida), urn fenômeno da Música Popular Brasileira dos anos 1960. Estava ele lá, bem conservado, bigodinho aparado, agora bem branquinho. Apesar dos 78 anos de idade, com muito vigor e bem-humorado, de bem com a vida. A voz
anasalada, o ritmo contagiante, a música de boa qualidade lembraram os anos de chumbo da ditadura, quando sua voz e seus sucessos amenizavam urn pouco as tristezas por causa da opressão política. Vi o Miltinho falando dos seus grandes sucessos e grandes parceiros como, Luiz Antônio, Ataulfo Alves, Ary Barroso, Jair Amorim, etc. Vi o Miltinho cantando "Eu e o Rio (de Luiz Antonio):" Rio, caminho que anda/ e vai resmungando talvez uma dor/ ah!
quanta pedra levaste / outra pedra deixaste/ sem vida e amor /Vens lá do alto da serra/o ventre da terra rasgando sem dó/ Eu também venho do amor / com o peito rasgado de dor e tão só...". A emoção tomou conta do Studio da Radio Carioca. Todos pararam para escutar Miltinho.
Finalmente, vi o Miltinho, cheio de vontade de cantar, trabalhar, expressar a cultura do povo, amargurado por não ter mais espaço na mídia, hoje dominada pela mediocridade e pelos "jabás". A ditadura sufocou a cultura popular e os govemos que vieram depois tratam-na com desprezo, desrespeitando a dignidade do povo brasileiro. Urn povo perde a liberdade, quando perde a sua cultura. 0 Império Romano dominou a Grécia pelas armas, mas foi dominado pela cultura dos gregos. Como disse Jesus, quando tentado no deserto,"Nem só de pão vive o homem".
Enfim, parafraseando o velho Timbira do poema, se alguém duvidar do que estou contando, eu torno prudente: meninos, eu vi.
Edmílson Martins de Oliveira
Janeiro de 2006
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
ANOS DE CHUMBO - HOMENAGEM AOS QUE RESISTIRAM
No ato que lembrava o massacre dos meninos da Candelária, Chico Alencar já disse que “esquecer é admitir, lembrar é combater”. Por isso, lembrando o golpe militar de 1964, que tantos males causou ao nosso povo – e lembrar é preciso como sinal de alerta e vigilância para que aquele momento infeliz nunca mais ocorra em nossa História – quero homenagear aqueles que combateram com bravura contra os anos de chumbo e lutaram com tenacidade pelo restabelecimento da democracia.
Como não posso citar pelo nome todos os combatentes, porque são muitos, cito pelo menos aqueles com quem convivi na luta de resistência, começando pelos que foram mais duramente atingidos pelos horrores praticados pelas forças da repressão. Sendo assim, presto minhas homenagens, que creio serem também de todos os trabalhadores e de todo o povo brasileiro amigos da liberdade, aos seguintes companheiros e companheiras:
• Aluízio Palhano e José de Oliveira Toledo, heróis da categoria bancária, covardemente assassinados pela ditadura no início da década de 1970;
• Roberto Percinoto e Aury Gomes da Silva, bancários e dirigentes sindicais, perseguidos, presos e torturados nos cárceres do DOPS e da Marinha na Ilha das Flores, continuando, apesar disso, na luta pelas liberdades até hoje;
• Joaquim Arnaldo de Alencar (de saudosa memória) e Tibor Sulik, metalúrgicos, sindicalistas e militantes da Ação Católica Operária, que, embora perseguidos e encarcerados pelo regime opressor, permaneceram sempre na luta operária e no movimento de resistência à ditadura;
• Mário Silveira e Maria Inez Serapião, encarcerados pelo DOI COIDI no quartel da PE, na Rua Barão de Mesquita, centro de torturas da ditadura, saindo de lá vivos por obra e graça da Providência;
• Cláudio Campos, preso também pelo DOI, barbaramente torturado, chegou ao “estado de coma”, salvo da morte graças à Providência e interferência de D. Eugênio Sales;
• Roberto Martins (de saudosa memória) e Antônio Imbiriba da Rocha, sindicalistas e dirigentes bancários, fiéis companheiros, que comigo estiveram presos, em 1972, por ocasião da intervenção no Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro;
• José Rodrigues, bancário e sindicalista autêntico, combativo, que faleceu em 1975, vítima da covardia do sistema repressor;
• Jorge Couto, bancário e dirigente sindical, combatente de vida inteira, que, mesmo vítima do esquema de repressão e perseguição, resistiu com bravura à ditadura e ainda hoje participa ativamente, e com muita disposição, da luta sindical;
• José Fagundes Gonçalves Vieira, Ronald Barata, Degerando Medeiros, João José dos Santos, Joaquim José Duarte, Ivan Pinheiro, Elso Rodrigues, Zola Xavier e Cyro Garcia, bancários e dirigentes sindicais, que participaram intensa e incansavelmente da luta de resistência ao regime militar, pelas liberdades sindicais e democráticas, mesmo sofrendo todo tipo de repressão;
• Maria Emília Barbosa (de saudosa memória), bancária e dirigente sindical combativa, que com sua autenticidade e persistência na luta estimulou a participação da mulher bancária no movimento sindical;
• As mulheres de sindicalistas, que, numa atitude de compreensão, consciência de luta e companheirismo, acompanhavam e apoiavam seus maridos na luta de resistência;
• D. Eugênio Sales –ex-cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro -, D. Celso José Pinto –atual arcebispo de Teresina-PI, os advogados Técio Lins e Silva e Nilo Batista, que, corajosamente, defenderam perseguidos políticos;
• Dona Elza Martins de Oliveira, minha sogra, mulher de fé profunda e solidária, que, como sinal de desagravo pela minha prisão, após a minha libertação, organizou um almoço e convidou toda a família e amigos;
• Por fim, de um modo muito especial, quero homenagear Maria José Martins de Oliveira, minha esposa e companheira de todas as horas, que participou ativamente da luta dos bancários contra a ditadura, com sua compreensão, apoio e acolhimento. É digno de nota a sua coragem e disposição quando, ao lado de sua cunhada e amiga Virgínia da Silva Oliveira - a quem rendo minhas respeitosas homenagens pelo seu espírito solidário - e de outras mulheres, enfrentou a truculência policial e buscou contatos e defesas para a minha libertação e dos outros companheiros que comigo estavam presos.
Que saibam todos os bancários, todos os trabalhadores e todo o povo brasileiro que esses companheiros e companheiras lutaram incansavelmente pelos direitos de todos e contribuíram decisivamente para a reconquista da democracia em nosso país. Por isso, merecem serem reconhecidos e homenageados, principalmente pelas novas gerações, que devem ficar vigilantes para que aquela página infeliz nunca mais seja escrita.
Edmílson Martins de Oliveira - março de 2007
Como não posso citar pelo nome todos os combatentes, porque são muitos, cito pelo menos aqueles com quem convivi na luta de resistência, começando pelos que foram mais duramente atingidos pelos horrores praticados pelas forças da repressão. Sendo assim, presto minhas homenagens, que creio serem também de todos os trabalhadores e de todo o povo brasileiro amigos da liberdade, aos seguintes companheiros e companheiras:
• Aluízio Palhano e José de Oliveira Toledo, heróis da categoria bancária, covardemente assassinados pela ditadura no início da década de 1970;
• Roberto Percinoto e Aury Gomes da Silva, bancários e dirigentes sindicais, perseguidos, presos e torturados nos cárceres do DOPS e da Marinha na Ilha das Flores, continuando, apesar disso, na luta pelas liberdades até hoje;
• Joaquim Arnaldo de Alencar (de saudosa memória) e Tibor Sulik, metalúrgicos, sindicalistas e militantes da Ação Católica Operária, que, embora perseguidos e encarcerados pelo regime opressor, permaneceram sempre na luta operária e no movimento de resistência à ditadura;
• Mário Silveira e Maria Inez Serapião, encarcerados pelo DOI COIDI no quartel da PE, na Rua Barão de Mesquita, centro de torturas da ditadura, saindo de lá vivos por obra e graça da Providência;
• Cláudio Campos, preso também pelo DOI, barbaramente torturado, chegou ao “estado de coma”, salvo da morte graças à Providência e interferência de D. Eugênio Sales;
• Roberto Martins (de saudosa memória) e Antônio Imbiriba da Rocha, sindicalistas e dirigentes bancários, fiéis companheiros, que comigo estiveram presos, em 1972, por ocasião da intervenção no Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro;
• José Rodrigues, bancário e sindicalista autêntico, combativo, que faleceu em 1975, vítima da covardia do sistema repressor;
• Jorge Couto, bancário e dirigente sindical, combatente de vida inteira, que, mesmo vítima do esquema de repressão e perseguição, resistiu com bravura à ditadura e ainda hoje participa ativamente, e com muita disposição, da luta sindical;
• José Fagundes Gonçalves Vieira, Ronald Barata, Degerando Medeiros, João José dos Santos, Joaquim José Duarte, Ivan Pinheiro, Elso Rodrigues, Zola Xavier e Cyro Garcia, bancários e dirigentes sindicais, que participaram intensa e incansavelmente da luta de resistência ao regime militar, pelas liberdades sindicais e democráticas, mesmo sofrendo todo tipo de repressão;
• Maria Emília Barbosa (de saudosa memória), bancária e dirigente sindical combativa, que com sua autenticidade e persistência na luta estimulou a participação da mulher bancária no movimento sindical;
• As mulheres de sindicalistas, que, numa atitude de compreensão, consciência de luta e companheirismo, acompanhavam e apoiavam seus maridos na luta de resistência;
• D. Eugênio Sales –ex-cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro -, D. Celso José Pinto –atual arcebispo de Teresina-PI, os advogados Técio Lins e Silva e Nilo Batista, que, corajosamente, defenderam perseguidos políticos;
• Dona Elza Martins de Oliveira, minha sogra, mulher de fé profunda e solidária, que, como sinal de desagravo pela minha prisão, após a minha libertação, organizou um almoço e convidou toda a família e amigos;
• Por fim, de um modo muito especial, quero homenagear Maria José Martins de Oliveira, minha esposa e companheira de todas as horas, que participou ativamente da luta dos bancários contra a ditadura, com sua compreensão, apoio e acolhimento. É digno de nota a sua coragem e disposição quando, ao lado de sua cunhada e amiga Virgínia da Silva Oliveira - a quem rendo minhas respeitosas homenagens pelo seu espírito solidário - e de outras mulheres, enfrentou a truculência policial e buscou contatos e defesas para a minha libertação e dos outros companheiros que comigo estavam presos.
Que saibam todos os bancários, todos os trabalhadores e todo o povo brasileiro que esses companheiros e companheiras lutaram incansavelmente pelos direitos de todos e contribuíram decisivamente para a reconquista da democracia em nosso país. Por isso, merecem serem reconhecidos e homenageados, principalmente pelas novas gerações, que devem ficar vigilantes para que aquela página infeliz nunca mais seja escrita.
Edmílson Martins de Oliveira - março de 2007
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